Está entre os mais destacados empresários chineses em África. Jack Huang é formado em Gestão de Administração de Negócios pela Universidade Nacional de Taiwan. Após terminar a formação superior, em 2007, despertou o interesse de investir nos sectores imobiliário, construção civil e indústria têxtil.
Antes de marcar os primeiros passos em África, em 1997, praticava actividades de produção e venda de produtos têxteis e comércio internacional no seu país, China. Aos 65 anos é um investidor de sucesso que divide a sua vida entre Angola, Namíbia e África do Sul, onde detém empreendimentos de grande dimensão.
No continente-berço, inicialmente, escolheu a África do Sul para desenvolver tais actividades, investindo 5 milhões de dólares, por acreditar ser um mercado evoluído e estável, com infra-estruturas completas, mas ao mesmo tempo “com diferença entre os consumidores e uma grande desigualdade entre a população. Por este motivo, em 2004, decidiu deixar de investir neste mercado. Com quase 30 anos de experiência no mercado africano, Jack Huang lidera o African Sunrise Investment, um grupo criado no continente africano, cujas principais actividades estão viradas para o investimento, construção, planeamento, exploração e gestão de centros comerciais.
O empresário, que também detinha fábricas e empresas de comércio internacional no seu país e que estão a ser confiadas a outras pessoas para a gestão, começou, em 2006, a investir na Namíbia, apostando no imobiliário. A ele se deve boa parte da dinamização comercial de Oshikango (Namíbia), cidade fronteiriça a menos de 50 km de Ondjiva (sede da província angolana do Cunene) e pólo de atracção de consumidores, muitos deles angolanos. À Forbes África Lusófona, Jack Huang explica que a vinda para Angola foi incentivada pela afluência de consumidores que atravessavam as fronteiras para comprar nas suas lojas.
O ex-deputado municipal e provincial, que tinha a responsabilidade de sugerir e lançar temas ao Governo da China para ajudar a desenvolver o país e a economia, chegou pela primeira vez a Angola em 2006, tendo investido inicialmente num projecto que não vingou, mas não o fez esmorecer. Em 2014, quando o país lusófono entrounuma profunda crise económica e financeira, voltou a fazer novos investimentos. Com o grupo African Sunrise Investment, constituído por mais de 20 empresas, lançou o projecto Cidade da China, um centro comercial, localizado no município de Viana, na capital angolana, Luanda, com mais de 300 lojas de comerciantes angolanos, chineses, portugueses, turcos e libaneses, num investimento de 200 milhões de dólares.
“Estamos focados no mercado africano, dando primazia a Angola, tendo em conta as vantagens que oferece.”
O empresário faz um balanço positivo da Cidade da China, que, como refere, criou empregos e oferece um bom ambiente tanto para quem lá vai às compras como para quem vende. O projecto permitiu ao grupo afirmar-se no mercado angolano e granjear a confiança das autoridades locais, “que têm estado a criar um ambiente de investimento cada vez melhor”, para facilitar a atividade dos empresários.
O African Sunrise Investment não se ficou por aí. Neste momento, está empenhado no seu segundo projecto comercial em Luanda, o Kikolo Shopping, num investimento de 30 milhões de dólares, cuja primeira fase já está concluída e em funcionamento. Os “bons resultados”, quer da Cidade da China, quer da primeira fase do Kikolo Shopping, motivaram o grupo a dar novo passo, para a construção, no município de Cacuaco, do Nova Era Centro Comercial, considerado o terceiro maior projecto imobiliário do grupo no país. A conclusão da primeira fase está prevista para 2024.
No projecto financiado com capital externo, o grupo prevê investir 350 milhões de dólares. A primeira fase do projecto consiste na construção dos centros comerciais e zonas para as pequenas e médias indústrias. O Nova Era Centro Comercial está a ser erguido numa área de 460 mil m2 e vai receber mais de mil lojas. Estima-se que os serviços de comércio venham a criar 15 mil empregos directos e mais de 25 mil indirectos.
O grande objectivo é a oferta de serviços de logística e distribuição mais eficientes, de Luanda para as demais províncias angolanas, bem como a países vizinhos. Pretende-se também com o projecto impulsionar a agricultura, estabelecendo uma base sólida de desenvolvimento da indústria transformadora para promover o desenvolvimento.
O Nova Era Centro Comercial será equipado, de forma a dar suporte a vários serviços com diversas funções, como parque infantil, supermercado, escritórios e residências “sofisticados”, hotéis de médio e alto nível, zona de entretenimento e lazer, zona financeira, centro de transporte interprovincial de passageiros, centro de distribuição de logística provincial, esquadra policial, posto de bombeiros e posto fiscal. Diferente da Cidade da China, o complexo de negócios terá um centro comercial agrícola com uma área de 20 hectares, onde os produtores terão a oportunidade de vender para as populações vindas das diversas partes do país e não só.
O African Sunrise Investment tem para Angola um plano de investimento de mil milhões de dólares. “Com a construção do Nova Era, atingiremos 600 milhões de dólares, chegando assim a 60% do valor global que pretendemos investir. Com o funcionamento efectivo da Cidade da China, parcial do Kikolo Shopping e de outras empresas do grupo, actualmente obtemos o retorno financeiro, mais um lucro na ordem de 10% ao ano”, revelou Jack Huang.
*Matéria completa na edição impressa Maio/Junho