Para fazer face às medidas impostas pela União Europeia contra Rússia, que têm vindo a diminuir o fornecimento de gás ao continente, Itália e Angola assinaram esta semana um acordo no domínio da cooperação energética que visa, entre outros objectivos, aumentar as exportações de gás a partir de Angola e diminuir a dependência do país europeu face ao abastecimento russo.
O acordo foi assinado no Ministério das Relações Exteriores, em Luanda, pelo ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, e pelo ministro italiano da Transição Energéctica, Roberto Cingolani, que substituiu o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, depois de este ter anunciado o cancelamento da viagem por testar positivo à Covid-19.
Segundo a Lusa, após a assinatura dos documentos, os chefes da diplomacia dos dois países realçaram a importância deste passo, no âmbito da cooperação energética.
O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, Luigi di Maio, destacou o empenho do seu governo angolano em diversificar as fontes de abastecimento de energia e diminuir a dependência da Rússia, pelo que espera vir a contar com mais gás angolano e desenvolver projectos de descarbonização com parceiros angolanos.
O governante não deixou de apontar a cooperação italiana com Angola, incluindo no domínio da iniciativa COVAX de combate à Covid-19, mas assinalou que espera também promover as relações comerciais e atrair para Angola mais empresas italianas que possam ajudar a diversificar a actividade económica, em linha com as estratégias do Executivo angolano.
Luigi di Maio abordou também os efeitos da agressão russa sobre a segurança alimentar do continente africano, que disse estar seriamente comprometida, sobretudo no que concerne o fornecimento de trigo. “Os efeitos devastadores deste conflito tocam a todos”, sublinhou.
O seu homólogo angolano, Téte António, reconheceu também o impacto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia na comunidade internacional. “Respeitando a posição soberana de cada um dos Estados, olhamos para um denominador comum que são as consequências do conflito, que são multifacetadas, e sobre as quais deve ser focalizada a cooperação para que não se agrave a situação de crise”, disse o ministro das Relações Exteriores de Angola.