Os irmãos Davi Dombele e Josué Dombele, de 20 e 21 anos de idade, respectivamente, actuam como artistas plásticos desde 2016. Porém, como contam, tinham outros sonhos para suas vidas, mas, neste mesmo ano, após terem vencido um concurso para o qual tinham sido convidados, na igreja, começaram a cogitar a ideia de seguir adiante com a arte.
O gosto pelas artes, contam, foi influenciado por vídeos que assistiam na rede social YouTube. Para aperfeiçoarem a técnica, decidiram então fazer a formação média em artes visuais e plásticas, no Complexo Escolar das Artes (CEART), em Luanda.
Seis anos depois, os irmãos Dombele já expuseram como convidados em várias exposições de artistas mais experientes no país, sendo que, pela primeira, no início de 2020, com meios próprios, expuseram com exclusividade, enquanto dupla de artistas plásticos, no Hotel de Convenções de Talatona, um ano após terem sido galardoados no Angola 35 Graus, na categoria Cultura e Arte.
Com obras avaliadas entre 100 mil a 300 mil kwanzas, os jovens indicam em entrevista à FORBES que as vendem em exposições, galerias, hotéis ou por meio de plataformas digitais, o que lhes tem rendido, em média, uma renda mensal na ordem dos 400 mil Kwanzas. O valor, dizem, é reinvestido na compra de matéria-prima para dar continuidade às obras e em outros projectos que têm em carteira.
“O nosso sonho como artistas sempre foi expor fora do nosso país, em galerias ou museus, pois o objectivo é mostrar que em Angola existem jovens capacitados e com vocação para artes plásticas”, revelam com entusiasmo, acrescentando que têm os africanos e os europeus como principais público-alvo.
Ao longo do percurso, os irmãos conheceram artistas mais experientes que os abraçaram e passaram conhecimentos sobre a arte que desempenham. “Louvo a força de vontade dos irmãos Dombele, estão no início da sua carreira e desde então têm sido determinados e trabalhado arduamente para se afirmar no mercado, tendo eles a humildade em aprender como a principal característica, pelo que são jovens e valores a apostar para o futuro”, exorta Guilherme Mampuya, uma das figuras que as jovens promessas têm como referências no sector das artes plásticas.
A dupla de artista confidencia à FORBES que, para pintar, inspiraram-se nas belas paisagens, relatos históricos, mitos, contos, e, sobretudo, nas mulheres. “As nossas maiores fontes de inspiração são as mães solteiras, talvez por sermos filhos de uma. É esta força que elas acarretam que nos impulsiona”, relevam os artistas, adicionando que, em cada obra, procuram narrar acontecimentos reais ou o imaginário.
“Em 2019 ganhamos o prémio de artistas plásticos angolanos destacados, na categoria de Cultura e Artes, na gala de premiação do Angola 35graus. Mas o mais importante feito que tivemos no nosso percurso, até ao momento, foi puder ajudar a construir uma casa para a nossa querida mãe, tendo nós disponibilizado dois milhões de kwanzas para tal”, recordam sorridentes.
Voltados também para outros projectos culturais e de moda, os irmãos, em conjunto com outros dois amigos, criaram uma marca de roupas própria, a Afrocult J.D, apresentada em 2019, na 22ª edição do Moda Luanda, um dos maiores eventos da indústria [da moda] em Angola.