O Banco de Portugal anunciou, há dias, que o investimento directo angolano em Portugal subiu para 4.333 milhões de euros no segundo trimestre deste ano, o que representa um crescimento na ordem dos 10,4%, face ao período homólogo de 2021, altura em que atingiu os 3.927 milhões de euros.
As estatísticas por investidor final, que permitem identificar os países que, em última instância, controlam o investimento que pode chegar por outros países, indicam que o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) de Angola em Portugal caiu entre o quarto trimestre de 2019 e o terceiro de 2020, tendo começado a recuperar a partir de então.
No quarto trimestre de 2019, por exemplo, o IDE de Angola em Portugal ascendia a 5.293 milhões de euros, caindo para 3.820 milhões de euros no período homólogo de 2020, fixando-se em 3.897 milhões de euros no quarto trimestre de 2021. No entanto, no primeiro trimestre deste ano, recuperou para 4.379 milhões de euros.
Já no segundo trimestre, caiu ligeiramente para 4.333 milhões de euros, ainda assim acima dos 3.927 milhões de euros alcançados no período homólogo do ano passado. Considerando a totalidade dos investidores finais e incluindo Portugal, no segundo trimestre deste ano, Angola ocupa o 11.º lugar do ranking, indica o Banco de Portugal.
O documento a que a Lusa teve acesso, descreve também que, no segundo trimestre do ano em curso, “e seguindo a tendência dos últimos anos”, os serviços concentram a maior parte do IDE de Angola em Portugal, ascendendo a 3.755,35 milhões de euros. Entre os principais investimentos de Angola em Portugal, e apesar das alterações dos últimos anos, sobretudo após o ‘Luanda Leaks’, o destaque recaiu para a área da banca.
Em 2008, a Sonangol comprou 9,99% do capital do BCP e, em 2009, foi a vez da holding Santoro (de Isabel dos Santos) entrar no BPI, ao adquirir 9,67% do capital do banco ao BCP. A empresa petrolífera é actualmente o segundo principal accionista do BCP, com 19,49%. Já no BPI, a Santoro vendeu a sua participação na OPA (Oferta Pública de Aquisição) ao CaixaBank, em 2017.
Segundo a entidade financeira, o BIC Portugal comprou o BPN por 40 milhões de euros ao Estado português, mas depois do ‘Luanda Leaks’, a instituição (agora EuroBic) anunciou que a empresária Isabel dos Santos iria abandonar a estrutura accionista do banco português, uma medida para salvaguardar a confiança na instituição, segundo a entidade financeira. No entanto, esta venda ainda não avançou e para já a empresária mantém-se no banco, através da Finisantoro (17,5%) e da Santoro Financial Holding (25%).
Em julho, foi anunciado que a Media9Par, subsidiária do Emerald Group para área da comunicação social do empresário angolano N’Gunu Tiny, comprou o Jornal Económico, da Megafin, e em Agosto o Novo, da Lapanews.
O Emerald Group, fundado em 2009, detentor dos direitos de publicação das revistas Forbes Portugal e Forbes África Lusófona, entrou nos media em 2018, com o investimento numa participação minoritária (40%) no projecto português Polígrafo.