O volume do total de negócios de capital de risco relatados em África passou de 140, em 2019, para 319 no ano passado, com o sector financeiro a manter-se como o mais atraente, seguido pelo da tecnologia de informação.
Os dados constam da segunda edição do relatório de Capital de Risco em África da Associação Africana de Capital de Risco e Equidade Privada (AVCA), organismo da indústria pan-africana que promove e permite o investimento privado no continente, divulgado esta semana.
O relatório avança que o sector financeiro foi responsável pela maior parte das negociações de capital de risco em volume (22%) e valor (26%) de 2014 a 2020, seguido de perto pelo o de tecnologia de informação (18%) e consumidor discricionário (16%). Em termos de valor do negócio, apontam os dados do estudo, os setores discricionários do consumidor representaram 22% do valor total dos negócios de capital de risco relatados em África, no período em referência.
Revela, por outro lado, que a maioria do financiamento de capital de risco em África está concentrada nas rodadas de estágio inicial, que representou nos últimos seis anos 33% do número total de negócios relatados. “As rodadas de financiamento das Séries A e B juntas representaram 43% do valor total dos negócios em estágio inicial e 68% dos negócios relatados ficaram abaixo de 5 milhões de dólares”, detalha o relatório.
A África do Sul continua a ser o centro de actividades de capital de risco no continente, respondendo por 21% dos negócios em volume. No entanto, o Egipto vem ganhando popularidade entre os investidores, atraindo a segunda maior parcela de negócios específicos de cada país africano (16%) em 2020, provavelmente devido à priorização do governo egípcio de políticas que incentivam a inovação e capacitam os empresários.
De acordo com o documento consultado pela FORBES, embora se tenha registado uma diminuição no valor dos negócios de capital de risco em 2020, os empresários africanos continuaram a inovar durante a pandemia.
O relatório que faz uma incursão sobre cenário das start-ups no continente, entre 2014 e 2020, fornece dados e análises sobre a actividade de negociação de capital de risco em África, bem como informações sobre os tipos de investidores que participaram dessas negociações.
“Os empreendedores africanos estão a construir uma ideia inovadora de cada vez e o mundo está a assistir. Como órgão da indústria pan-africana que defende diversos investimentos privados no continente, a AVCA continuará a fornecer dados importantes que mostram África como um destino de investimento de primeira linha, com ampla oportunidade de retorno financeiro e impacto”, garantiu Abi Mustapha-Maduakor, CEO da associação, num comunicado de imprensa sobre o tema.
Mustapha-Maduakor refere que o sector privado continua a ser “essencial” para o desenvolvimento económico sustentado da África e que é “óptimo” ver que os investidores e legisladores continuam a acreditar no papel das pequenas e médias empresas na condução inovação e criação deste crescimento no continente, que diz ser inclusivo.
O estudo indica que as start-ups em África estão a mudar o cenário económico do continente e a criar novas oportunidades de mercado, tendo movimentado a notável quantia de 1,1 mil milhões de dólares, num ano “bastante” desafiador para o investimento privado mundial.
“O ano de 2020 viu o volume de negócios mais que a duplicar face a 2019, correspondendo a mais de um terço dos 933 negócios de capital de risco registados em África, entre 2014 e 2020”, lê-se no documento.
Tecnológicas lideraram negócios de risco
Denominado “Venture Capital in Africa”, o relatório reconhece o papel vital da tecnologia em impulsionar o crescimento económico do continente, já que, avança, 90% de todos os negócios de capital de risco relatados entre 2014 e 2020 foram em empresas habilitadas para tecnologia e que operam em vários sectores.
Pelo facto de a FinTech continuar a atrair uma parte significativa do financiamento de capital de risco, o relatório considera que a tecnologia está a desempenhar, cada vez mais, um papel essencial na transformação dos sectores tradicionais, em que se inclui a saúde, agricultura, educação e energia, tendo em conta que a HealthTech, EdTech e AgriTech apresentaram um crescimento significativo em 2020.
Isso, consideram os mentores do relatório, demostra o interesse dos investidores em negócios que, provavelmente, permanecerão resilientes durante as crises económicas, em resposta às necessidades pertinentes dos consumidores. “Nisto estão incluídas plataformas de comércio electrónico que representaram 39% das empresas que operam no sector de consumo discricionário e que receberam financiamento de capital de risco em 2020”, precisam.