O consultor da Ernst & Young, Sérgio Ferreira defendeu hoje, num encontro com jornalistas, em Luanda, que a Inteligência Artificial (IA) pode servir de catalisador para que economias como as da África Lusófona possam dar o salto e se aproximar das economias mais desenvolvidas.
Na perspectiva do partner da EY, o grande problema de economias como as dos países lusófonos é a questão do know-how, que impede que se tenha o mesmo desempenho e se entregue o mesmo nível de trabalho.
Mas com a IA, disse, a coisa muda de figura, podemos pedir ao assistente, que tem acesso a todo conhecimento existente no mundo, e este, entrega o mesmo que se entrega num país de primeira linha, por exemplo, “basta programar”, rematou.
Pelo que, o especialista entende que a Inteligência Artificial pode vir a se converter num bom aliado para as economias lusófonas na sua caminhada rumo ao desenvolvimento.
Numa perspectiva mais abrangente, mas ainda dentro do universo de coisas boas que pode a IA ajudar, Sérgio falou, a título de exemplo, do campo da saúde, onde já são factos palpáveis, que a ferramenta ajuda a que se façam estudos de moléculas e coisas do género, num tempo record, quando o homem levava anos para concluir os mesmos estudos.
A coisa na saúde está de tal forma bem encaminhada que, “já se fala dos avanços nas questões ligadas a cura do cancro. Uma coisa que demoraria anos, pode agora ser descoberta a qualquer altura”, atirou.
“IA ainda é cara, mas vai baratear à medida que se democratiza“
Antes de falar do custo para aquisição de Inteligência Artificial, e numa perspectiva mais pedagógica, o interlocutor explicou que esta coisa de IA não é exactamente nova, sendo que a conectividade mudou completamente a perspectiva, dando mais abrangência.
A falar mais especificamente sobre o custo da IA, Sérgio Ferreira explicou que ainda são considerados altos os custos, “veja que hoje precisas de pelo menos 30 dólares por pessoa para que cada tenha um assistente, pode parecer pouco, mas para uma empresa com muitos trabalhadores, pode pesar”, disse.
O interlocutor explicou que o caminho é o da redução dos preços, “a medida que se expande o acesso e se democratiza a IA, mais barato vai ficar”, apontou.
Para Sérgio Ferreira, a questão com a IA não é “se vai acontecer” ou de “quando” o homem terá de conviver com ela, mas de “como”. Pelo que, entende que é altura de, nós homens, começarmos, seja no campo organizacional ou pessoal, a reorganizar e talvez mesmo redimensionar as nossas actividades.
“O que é realmente importante que seja eu a fazer, e o que é que pode ser deixado para que a IA resolva”, disse, explicando a seguir que isso é o efectivo “como”, já que no fim das contas, já interagimos com a IA.
Outro ponto de relevo na explanação do especialista em Inteligência Artificial, tem que ver com a ideia de que, entre três e cinco anos, todos teremos um assistente.
Um dado que eleva a força irreversível da IA, já que “não estamos a falar dos Siri’s ou Alexa”, que na sua perspectiva, acabam por ter um condão mais comercial, logo, diferente destes, os assistentes do futuro serão mais pessoais, mais uma espécie de “extensão nossa”, rematou, tendo explicado também que, a excepção serão as zonas em que não há acesso a internet.
Como nem tudo são coisas boas, o especialista tratou de explicar que a IA é útil, mas tem perigos, o perigo essencial de como o homem usa. Uma preocupação que é do mundo todo, já que, “a IA está a frente da legislação”, disse, tendo acrescentado que neste quesito, os EUA e União Europeia, têm “felizmente dado passos no sentido de regularizar” o uso da Inteligência Artificial.