A taxa de inflação em Angola no mês de Outubro situou-se nos 16,68%, registando um decréscimo de 10,19 pontos percentuais (pp) em relação a observada em igual período do ano passado, e uma desaceleração de 1,48 pp em relação a Setembro, valor mais baixo desde Janeiro de 2020.
De acordo com o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), do Instituto Nacional de Estatística (INE) do país consultado pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, entre as classes que mais contribuíram para o aumento do nível geral de preços, destaca-se a “alimentação e bebidas não alcoólicas”, com 0,38 pp; “bens e serviços diversos” (0,08 pp); “vestuário e calçado” e “saúde” (0,06 pp cada) e “mobiliário, equipamento doméstico e manutenção”, com 0,05 pp. As restantes classes contribuíram com menos de 0,05 pp, segundo o documento.
A análise dá ainda conta que o IPCN variou 0,78% de Setembro a Outubro de 2022. Comparando as variações mensais (Setembro a Outubro de 2022) regista-se uma desaceleração de 0,01 pontos percentuais, ao passo que, em termos homólogos (Outubro 2021 a Outubro 2022), regista-se uma desaceleração na variação actual de 1,28 pp.
Moxico com 0,59%, Huíla com 0,63% e Lunda Sul com 0,66% são as províncias que tiveram menor variação nos preços. Enquanto as que registaram maior variação nos preços foram o Zaíe, com 0,98%; Cuando Cubango (0,97%) e Cuanza Sul, com 0,95%.
A classe “saúde” foi a que registou o maior aumento de preços, com uma variação de 1,74%, seguida da “vestuário e calçado” (1,72%); “bens e serviços diversos” (1,26%) e “bebidas alcoólicas e tabaco”, com 1,09%.
A descida da taxa de inflação confirma a previsão do Governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, que recentemente no lançamento do livro “Banco Central e Finanças Públicas” da autoria do jurista, Carlos Feijó, adiantou que o banco central antevê terminar o ano com uma taxa inferior a 18%.
BFA prevê inflação nos 14% até Dezembro
Entretanto, o Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) prevê que a inflação no país poderá abrandar para 14% ou 15% no fim do ano, factor que deverá abrir margem para mais descidas nos juros.
“No que toca à nossa perspectiva para o futuro próximo, apesar de um aumento ligeiro na inflação mensal, a inflação homóloga manteve trajetória decrescente e a nossa estimativa indica que termine o ano entre os 14 a 15%. Por isso, entendemos que há ainda espaço para flexibilização da política monetária que o BNA poderá aproveitar”, lê-se num comentário à evolução das taxas de juro no país, compilado pela Lusa.
Os especialistas da instituição financeira bancária angolana estão expectantes que a inflação homóloga se situe entre 16 a 16,80%, e estimam que em 2023 haja uma ligeira aceleração dos valores mensais da inflação, face à segunda metade de 2022, o que poderá fazer com que a inflação homóloga pare de descer, algures entre o primeiro e o segundo trimestres do ano, podendo mesmo voltar a acelerar um pouco, para níveis em torno ou acima dos 15%.
A razão da queda da inflação, adiantam os analistas, prende-se com uma “depreciação gradual, mas real, do kwanza”, que irá ocorrer devido à diminuição na produção petrolífera e no preço desta matéria-prima a nível internacional.
Independentemente das decisões de política monetária nos próximos meses, o gabinete de estudos do BFA considera que a inflação deverá mesmo descer para menos de 10% a médio prazo.
“Na nossa opinião, com a continuação da boa gestão da política monetária por parte do BNA, o caminho para a inflação de um dígito poderá ser adiado, mas não vai ser revertido”, referem os especialistas do Banco de Fomento Angola.