Após 29 anos consecutivos no topo como a empresa com maior número de patentes concedidas nos Estados Unidos da América (EUA), a IBM perdeu a liderança para a gigante sul-coreana Samsung.
Segundo o relatório da IFI Claims, empresa especializada em consultoria e compilação de informações sobre patentes, ao se comparar o número de patentes da IBM concedidas nos EUA (8.681 patentes), em 2021, com as de 2022, nota-se um decréscimo de 49%, abrindo assim espaço para a sul-coreana ocupar a primeira posição do ranking.
No top 5, e na ordem de sequência, constam a Samsung, IBM, Taiwan, Huawei e a Canon. Ao observarem-se as dez empresas que se destacam com o maior número de patentes concedidas na tabela, além da IBM (a única empresa norte-americana que se destaca no top 5) encontra-se também a Qualcomm, a Intel e a Apple, ocupando as 7.ª, 8.ª e 9.ª posições, respectivamente.
Dario Gil, chefe de pesquisas da IBM, afirma que o declínio está relacionado com uma mudança de estratégia da empresa, iniciada no ano de 2020, ao se decidir que não seria um objectivo a liderança numérica de patentes concedidas.
“As patentes são apenas uma das medidas da real capacidade de inovação de uma companhia”, afirma, explicando também que a IBM se propôs a valorizar a qualidade sobre a quantidade de novos pedidos de patentes, com especial atenção para as de inteligência artificial e computação quântica.
Sobre o facto, Phillip Monteiro, paralegal de propriedade intelectual na Inventa, consultora especializada em propriedade intelectual, observa que o elevado número de patentes concedidas para a IBM nos EUA ao longo das quase três décadas de liderança está relacionado com uma particularidade do país.
“Nos EUA é possível obter uma patente de um programa de computador (software), o que constitui a grande maioria das patentes obtidas pela IBM no país. Pelo contrário, em outras jurisdições, as protecções para os códigos-fonte dos softwares são, normalmente, concedidas por títulos específicos para tal matéria”, refere Monteiro, para quem, caso a IBM adotasse a mesma estratégia fora dos EUA, muito provavelmente não ocuparia uma posição de liderança em patentes concedidas, durante três décadas.
*José Zangui