O embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Hélder Vaz, manifestou, há dias, o interesse daquele país africano em presidir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), “para mostrar ao mundo a estabilidade do país e reforçar a agenda da organização na economia e mobilidade”.
O interesse manifestado aponta para uma presidência da organização no biénio 2023-2025 em que este país terá duas celebrações nacionais “importantes”, salientou Helder Vaz. Em 2023, a Guiné-Bissau celebra os 50 anos da proclamação da independência e, em 2024, o centésimo aniversário do nascimento de Amílcar Cabral, o “pai da nação”.
O governante garantiu que a continuação da agenda da mobilidade e a aposta da economia como vector da organização, já reforçadas na cimeira em Luanda por Angola, seriam as prioridades da Guiné-Bissau caso assuma a presidência, a partir de 2023.
A questão da mobilidade e da sua concretização, a edificação do pilar da cooperação económica, reconhecimento sobre os direitos iguais, políticos, económicos e sociais aos cidadãos de um Estado-membro da CPLP num outro Estado da comunidade, a cooperação a nível local, dos municípios e autoridades locais no espaço da organização e a criação de um lugar permanente de concertação e de cooperação ao nível do sector social, são aspectos já manifestados como prioritários na agenda da Guiné-Bissau para o organismo comunitário lusófono.
“Achamos que concretizados estes aspetos nós teremos uma CPLP diferente. E esta é a agenda nacional que faz com que a Guiné-Bissau tenha muito interesse em ter a próxima presidência da CPLP para dar este impulso”.
País pretende acolher também próxima Cimeira da CPLP
Numa missiva datada de 9 de Agosto, dirigida ao secretário executivo da CPLP, o timorense Zacarias da Costa, a diplomacia guineense havia já manifestado o interesse da Guiné Bissau em albergar a próxima cimeira da organização.
“Temos a honra de comunicar a todos os Estados-membros da organização, por intermédio do Secretariado Executivo, a intenção da República da Guiné-Bissau de acolher a próxima Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, prevista para o ano de 2023, decorridos já 15 dias previstos para o anúncio do Estado-membro encarregue da sua realização”, lê- se na carta.
Recorde-se que em Julho deste ano, os Estados-membros decidiram adiar por 15 dias a indicação do país que iria presidir à organização, agora nas mãos de Angola, e o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, explicou que se devia esperar pela realização das eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe, para se saber se o vencedor aceitaria esse papel.
A carta refere ainda que, para esse efeito, o ministério “gostaria de obter a confirmação da aceitação dessa intenção pelos Estados-membros”, admitindo mesmo que bastaria uma “nota verbal” por parte do Secretariado Executivo da CPLP.
No documento, também dirigido a Zacarias da Costa, a representação diplomática diz que, tendo em conta a deliberação da cimeira de Luanda, “que fixou o prazo de quinze dias para decisão relativa à próxima presidência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, e seguindo instruções superiores, vem solicitar ao Secretariado Executivo, que aceite prestar informação pertinente sobre a matéria em apreço”.
Em resposta, Zacarias da Costa recordou que cabe às competências da conferência de líderes a função de “eleger de entre os seus membros um presidente de forma rotativa e por um mandato de dois anos”, pelo que ainda “aguarda indicação dos Estados-membros quanto ao referido tema”.