A Guiné-Bissau é o terceiro país no mundo com o clima mais vulnerável às alterações climáticas, segundo um estudo da Fundação Mo Ibrahim, que leva em conta a combinação de vários factores nos países avaliados, como os níveis de pobreza, insegurança alimentar, a informalidade da economia e a localização geográfica.
O “Relatório do Fórum de Governança 2022. A caminho da COP27: Fazendo o caso de África no Debate Global sobre o Clima”, a que a REVISTA FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso, atribui a Guiné-Bissau a percentagem de 0.629, pontuação superada apenas pelo Níger (0.677) e a Somália (0.676), que estão em primeiro e segundo lugar, respectivamente, no grupo dos 10 países (todos africanos) que mais são afectados pelas mudanças de clima em todo o mundo.
Tchad, Sudão, Libéria, Mali, RDC, Eritreia e Uganda completam o grupo que, de acordo com o documento, representa 20,1% da população do continente africano.
“Os países mais vulneráveis ao clima são aqueles que mais dependem do sector agrícola para o emprego e meios de subsistência. Em oito dos dez países mais vulneráveis ao clima [todos africanos], pelo menos 60% da população está empregada no setor agrícola”, destaca o estudo da Fundação Mo Ibrahim, avançando ainda que “no Níger e na Somália, os países mais vulneráveis do mundo, a proporção de emprego no sector agrícola é de 72,5% e 80,3%, respectivamente”.
O relatório indica ainda que os “altos níveis de emprego informal” e a fraca rede de segurança social representam um “nível adicional de vulnerabilidade” aos meios de subsistência.
Outro factor que o relatório da Fundação Mo Ibrahim leva em conta na atribuição da vulnerabilidade às mudanças climáticas, é a pobreza, que, continua o estudo, afecta mais de dois terços da população do grupo dos 10 países.
“No Níger, Somália e Guiné-Bissau, os três países do mundo mais vulneráveis ao clima, as taxas de pobreza são de 77,2%, 88,9% e 85,4%, respectivamente […] 39,7 milhões de pessoas na África Subsaariana poderão ser empurradas para a pobreza extrema até 2030 devido às alterações climáticas, mais do que em qualquer outra região do mundo”, escreve o relatório.
TEXTO: Jaime Pedro