O grupo Bruno Miguel Pegado (BMP), que detém a marca angolana Pegado Motors, vai receber em Julho do ano em curso um financiamento de 100 milhões de dólares da Cila Banking – empresa de consultoria com sede em Dubai.
O anúncio foi feito nesta Quinta-feira, em Luanda, pelo director da Cila Banking para região de África, Salmin Ibrahim, à margem do lançamento de dois novos modelos de carro da Pegado Motors, nomeadamente, “Suv Welwitschia” e “Pickup Zambeze”, incluindo um “triciclo para pessoas com deficiência”.
“Nós sabemos que Angola viveu um período de guerra muito longo, que deixou pessoas com deficiência física, principalmente. Queremos promover a empregabilidade, envolver a economia e apoiar os jovens angolanos a conseguir um negócio para sustentar as suas famílias, por isso estamos a apoiar este projecto”, justificou Salmin Ibrahim.
Para além de fechar um acordo de financiamento com o grupo BMP, o responsável revelou que a Cila Banking pretende desenvolver os seus projectos em Angola, no sentido de abrir um banco de financiamento para apoio social e económico, a fim de ajudar pessoas desempregadas, em particular jovens, adquirirem meios de transportes para fazer serviços de táxi.
À FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o CEO da Pegado Motors, primeira marca nacional, Bruno Pegado, revelou que tudo indica que nas próximas seis semanas, o financiamento será desembolsado e este assunto ficará fechado.
“Vamos nos deslocar agora para o Dubai para a assinatura do mesmo protocolo, onde o Consulado de Angola está a acompanhar este processo a par e passo. Depois, vamos fazer a solicitação da certificação junto da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX) e do Banco Nacional de Angola (BNA) para este capital entrar no país”, informou.
Com este financiamento, descreve o CEO, o grupo BMP vai instalar uma fábrica de linhas de montagem de automóvel, no Waku Kungo, província do Cuanza Sul, com o objectivo de fornecer automóveis em Angola e noutros países africanos, reforçando as operações, com o aumento de 100 unidades de cada modelo de viatura, apesar de não adiantar o período em que vão disponibilizar ao mercado.
“Queremos melhorar também as nossas questões logísticas, vamos aumentar a nossa capacidade de assistência técnica, porque uma coisa é termos agora meia dúzia de veículos disponíveis no mercado e outra é 100 unidades. Não obstante, pretendemos montar, em Angola, um centro logístico para fornecer equipamentos aos demais países onde estamos representados”, perspectivou.
Relativamente à escolha da província, Bruno Pegado justificou à FORBES que nos próximos anos, Cuanza Sul vai crescer muito. A seu ver, a província angolana vai ser o próximo grande centro de negócios do país.
“Assim sendo, teremos uma serie de commodities. Estamos a pensar também no Corredor do Lobito que, para nós, não fica distante para fazermos o escoamento dos nossos produtos para as demais regiões de África. Estamos a pensar estrategicamente no futuro e não nas condições actuais”, continou.
De acordo ainda com Bruno Pegado, desde 2008, ano em que o projecto começou, o grupo já investiu 17 milhões de dólares, com o lançamento dos modelos “Baza Baza”, “Macocola”, “Welwitschia”, “Zambeze” e “Kissama”, que será apresentado na Expo Car 2023, maior evento da indústria automotiva de Angola, que vai decorrer de 14 a 18 de Junho deste ano, em Luanda.
A nova linha de montagem do grupo Bruno Miguel Pegado vai garantir mais de 500 postos de trabalho directos, visando promover o crescimento da empregabilidade juvenil, dando a oportunidade de estágios e bolsas de estudo para estudantes e engenheiros angolanos internamente e nas fábricas dos seus parceiros na China, apostando sempre a qualidade dos seus produtos e serviços, bem como ajudar a criar empreendedores e oferecer os melhores preços ao mercado nacional.