O Governo moçambicano indicou que foi obrigado a reformular o Orçamento do Estado para 2024, incluído o corte do 13.º mês aos funcionários públicos, da sequência da crise pós-eleitoral que levou a várias manifestações, greves e protestos desde as eleições em Outubro.
Segundo o primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, “a vontade [de pagar o 13.º mês] havia, mas os últimos acontecimentos implicaram uma reformulação do Orçamento”, aludindo às consequências de dois meses e meio de paralisações e manifestações pós-eleitorais, com destruição e saques de instituições públicas e empresas, contestando os resultados eleitorais.
“Não temos condições, há muitas questões a resolver. Temos dívidas, horas extras e tal. Não conseguimos ter dinheiro para pagar. Se tivéssemos mesmo, teríamos resolvido todos esses problemas, mas o importante é que conseguimos pagar o salário normal e agora estamos a trabalhar para que no mês de Janeiro também não falte o salário, mesmo com estes problemas todos que nós tivemos”, afirmou, recordando que o pagamento do 13.º mês “sempre foi tido como condicionado à existência de disponibilidade financeira”, explicou Adriano Maleiane, que é também titular das pastas da Economia e Finanças.
Além da destruição de património público e privado, diz a Lusa, as manifestações e paralisações que se registam em Moçambique desde 21 de Outubro, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, já provocaram cerca de 300 mortos e mais de 600 baleados, impactando fortemente a economia do país.