A directora dos Museus de Cabo Verde, Samira Baessa, avançou que neste momento Cabo Verde está a trabalhar num novo projecto museológico para a reabilitação da réplica da Torre de Belém, pretendendo ampliar o conceito exposto, que está centrado sobre o mar, para explorar “um bocadinho mais” a história da cidade, com os grandes nomes da cultura ou da literatura.
O objectivo é “criar uma espécie de museu da cidade que poderá evidenciar o mar como elemento histórico, mas depois explorar várias outras temáticas, que têm a ver com esta dinâmica sociocultural do próprio espaço”, perspectivou, dando a garantia de que este projecto deverá ser implementado num curto prazo, com financiamento nacional.
Recorda-se que a réplica da Torre de Belém na ilha cabo-verdiana de São Vicente já serviu para quase tudo, albergando actualmente o Museu do Mar, mas quer aumentar a simbologia, explorando um pouco mais a história da cidade do Mindelo.
Localizado entre o Mercado de Peixe e a Praia dos Botes, em plena Avenida Marginal, o monumento centenário foi construído em 1920 pelos portugueses, para ser uma réplica da fortificação original, edificada entre 1514 e 1519, em Lisboa.
“É um espaço que, mesmo não tendo uma semelhança total com o edifício da Torre de Belém no Tejo, acaba por ter esta relação histórica, cultural porque foi construída à identidade deste edifício, mesmo não tendo vários elementos arquitetónicos do edifício original, mas acaba por ter essa relação histórica e simbólica com o espaço”, contextualizou à Lusa a directora dos Museus de Cabo Verde, Samira Baessa.
Com características de arquitetura “manuelina” e com vários elementos simbólicos, nomeadamente a Cruz de Cristo, recordou que foi instalada no período áureo da cidade do Mindelo, quando começou a ganhar mais população, com a dinâmica criada à volta da exploração e instalação de indústrias carvoeiras, tendo-se assumido como um dos principais espaços deste comércio no atlântico médio.
Instalado inicialmente para funcionar como sede da capitania dos portos, mais tarde assumiu outras funções, tendo o porão servido para cárcere para os pequenos delitos relacionados com o mar e os anexos como moradia do capitão-mor, que depois receberam os arquivos da capitania.
Para além disso, prosseguiu a responsável, na década de 1980 o espaço funcionou como a sede da empresa Scapa, que era uma empresa pública criada precisamente para apoiar a pesca artesanal, teve um período praticamente sem uso, até ser recuperado em 1997, no âmbito da cooperação entre Portugal e Cabo Verde.
Em 2010, no quadro das comemorações dos 35 anos da independência de Cabo Verde, é inaugurada no edifício uma exposição que retrata a questão dos descobrimentos, e a partir de 2014 passa a albergar a exposição permanente do Museu do Mar.
Fonte: Lusa