O Governo cabo-verdiano anunciou recentemente que está a analisar a possibilidade de novo período de ‘lay-off’ simplificado, devido aos efeitos da pandemia nas empresas, regime que vigorou de desde o mês de Abril de 2020 até 31 de Dezembro do ano passado.
“Nos próximos dias nós comunicaremos ao país a decisão sobre esta matéria”, afirmou o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, questionado pelos jornalistas durante a conferência de imprensa de apresentação do Orçamento do Estado para 2022, realizada este mês.
“Mas, as empresas e os empresários, seguramente continuarão a contar com o apoio do Governo, com instrumentos que nós estamos a ultimar e vamos apresentar um plano de retoma da economia nos próximos dias, com novos instrumentos, novas medidas para apoiar as empresas do sector privado nesse impulso de retoma económica”, destacou Olavo Correia.
O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS), em Cabo Verde, Marcos Rodrigues, disse na quinta-feira, 6 de Janeiro, que as empresas estão com pouca capacidade de laboração por causa do absentismo associado ao isolamento de casos de covid-19.
“É muitíssimo complicado”, desabafou o líder empresarial cabo-verdiano, à saída da apresentação do tradicional cumprimento de Ano Novo ao Presidente da República, José Maria Neves, numa altura em que Cabo Verde regista valores recordes de novos casos diários de covid-19.
Citado pela Lusa, Marcos Rodrigues referiu que um empregado infetado com a covid-19 obriga a “uma série de problemas” dentro das empresas, já que muitos outros, mesmo não estando contaminados, não podem apresentar-se ao serviço por serem contactos diretos.
“Isto praticamente está a pôr a empresa num estado de pouca capacidade de laboração”, referiu, sem precisar a percentagem de absentismo neste momento no país, mas notando que os números elevados de casos no país afetam transversalmente as empresas.
Cabo Verde confirmou esta semana a circulação da nova variante do novo coronavírus, a Ómicron, tendo neste momento um total de 47.376 casos positivos acumulados, dois quais 41.525 considerados recuperados da doença, 358 óbitos e há ainda 5.466 casos ativos.
Nas declarações aos jornalistas, Marcos Rodrigues abordou ainda a questão do ‘lay-off’, que terminou em 31 de dezembro, não defendendo abertamente a sua continuação, por causa da situação atual no país, mas dizendo apenas que os empresários vão dialogar com o Governo.
“Poderá ser uma solução [continuar], haverá outras soluções para poder mitigar a questão do ‘lay-off’ caso não haja condições para continuar”, salientou o empresário, apostando primeiro na concertação com o Governo para se encontrar “um caminho que possa servir a todos”.
Recorde-se que Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – sector que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.