A empresa sul-africana colocada, desde Abril último, pelo Governo moçambicano a gerir a LAM – Linhas Aéreas de Moçambique revelou que encontrou na transportadora estatal situações de corrupção, fornecimento de serviços acima dos valores de mercado e outros sem contratos, responsabilizando os administradores.
“Geriam a companhia como queriam”, afirmou num encontro com jornalistas, realizado há dias em Maputo, o director-executivo da sul-africana Fly Modern Ark (FMA), Theunis Crous, escusando-se a revelar se estes casos foram ou não participados às autoridades competentes, como a Procuradoria-Geral da República.
Theunis Crous afirmou, contudo, que a FMA está a preparar um relatório “exaustivo” destas práticas e que alguns desses administradores permanecem na companhia e “apresentaram resistência à mudança”. Descreveu mesmo que algumas dessas pessoas “deitaram a companhia abaixo”.
Entre outras situações reveladas por Crous está um alegado aumento de remuneração decidido pela então administração, para os próprios administradores, aprovada em Janeiro último, de 100 mil meticais (1 468 euros) por mês, quando o Governo procurava uma solução para a gestão da LAM. “Imediatamente parámos logo isso”, acrescentou, garantindo ainda que esses administradores foram chamados a devolver esses pagamentos recebidos de Janeiro a Maio.
Citado pela Lusa, acrescenta que encontraram casos de aeronaves fretadas por valores muito acima dos valores de mercado, serviços prestados à LAM que além dos preços altos não ofereciam qualidade, como o catering, e outros pagos sem facturação ou contratos.
“Quando chegámos estava um Boeing há sete meses em Joanesburgo numa reparação que devia ter sido feita em 30 dias”, exemplificou ainda, exigindo responsabilidades, mas garantindo que a LAM é viável.
De recordar que as “fortes dificuldades financeiras” levaram em Abril o Governo a colocar a companhia de bandeira moçambicana sob gestão da FMA.