Dados do Ministério da Indústria e Comércio dão conta que Angola gastava mensalmente, até há bem pouco tempo, entre 70 milhões a 100 milhões de dólares com a importação de produtos embalados.
Este facto, na visão das autoridades, além de consumir as já escassas divisas, retirava também oportunidades de negócios a empresários que actuam na indústria de embalamento no país, bem como a pequenos e médios empreendedores interessados neste mercado.
Para inverter o quadro, o Governo preparou e publicou o Decreto Executivo nº 63/21 de 17 de Março, com novas regras de importação de produtos, a luz do qual boa parte dos [produtos] que compõem a Cesta Básica passam a ser importados obrigatoriamente a granel ou big bags – também designados de sacos a granel – que permitem o transporte de produtos sólidos a serem empacotados localmente.
A medida imposta pelo documento com cunho legal, começou a vigorar nesta Terça-feira, 15. A mesma abrange produtos como o açúcar, arroz, farinha de trigo e de milho, feijão, leite em pó, óleo alimentar, ração animal, sal grosso e sal refinado, sêmola de trigo (trigo semi-moído), carne de porco e de vaca, margarinas e sabão.
Comentando à FORBES sobre a entrada em vigor do Decreto, o economista e docente universitário, Edwálter Muanza, considera “benéfica” a medida do Executivo, mas defende que a mesma só será eficaz caso os preços dos produtos nacionais forem mais baratos em relação aos produtos importados.
A título de exemplo, indicou que nos últimos dias, e de acordo com a realidade económica actual, a fuba de milho importada chega a ser mais barata que a produzida localmente. Para o especialista, ao se verificarem preços mais baixos na produção embalada no país face a importada já empacotada, a medida trará vantagens para a população.
“Caso contrário, estaríamos diante de uma situação drástica. Não faz sentido algum produzirmos localmente e os preços dos produtos nacionais continuarem cada vez mais altos”, defende.
Edwálter Muanza refere que, no âmbito da cadeia económica, o grande objectivo do Executivo foi sempre reduzir a importação e promover as exportações. Mas, no que tem que ver com a importação a granel ou big bags, alerta para a necessidade de se ter em atenção aspectos como o nível de produção desses produtos e se se traduzirão em vantagens para aquilo que a realidade do país, “uma vez que os níveis de inflação continuam cada vez mais altos”.
“Será que temos qualidade para fazer isso? será que esses produtos são sustentáveis? será que vão de certa forma fazer face aos que os outros produtos oferecem?”, questiona o economista.
Apesar das incertezas, o também docente universitário reitera e reforça que a iniciativa é “louvável”, uma vez que, considera, a economia angolana se encontra em fase de crescimento. “No meu entender, para que haja soluções desenvolvimentista é importante que, do ponto de vista micro ou ainda macro, se evidenciem soluções e métodos que visem dar resposta a nossa balança comercial”, conclui.