O Fundo Monetário Internacional (FMI), por via da força de França, vai liberar dos 650 mil milhões de dólares das despesas especiais de saque para todos os seus membros, cerca de 33 mil milhões de dólares para financiar as economias africanas, que viram a sua situação se agravar com a crise pandémica da Covid-19.
A informação foi avançada nesta Terça-feira em Paris, onde decorre a cimeira sobre o financiamento das economias africanas, pelos assessores da presidência francesa. A cimeira França-África, promovida pelo presidente Emmanuel Macron, em que participam outros líderes europeus, chefes de Estado, além de representantes do FMI e do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), pretende criar mecanismos financeiros massivos para apoiar as economias de África, mergulhadas em dificuldades.
Em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o economista guineense Carlos Lopes refere que esta ajuda é algo que todos os países-membro do FMI têm direito, baseado no princípio de que as reservas do FMI podem ser usadas para emitir liquidez em tempos de crises ou em situações excepcionais.
“Os países africanos, normalmente, têm usado uma parte dessa liquidez porque se encontrarem muitas vezes em situações de dificuldades, mas há uma reserva que permite fazer isso com as condições em que eram usadas até agora, mas que em tempo de pandemia podem ser usadas a 100% e é isso que a França e muitos países africanos estão a propor que se faça”, explica.
O especialista diz que, em princípio, haverá a possibilidade de acesso aos direitos de tiragem especial por todos os países do mundo, o que significa que se tem uma liquidez de mais de 650 mil milhões de dólares para distribuir. “Só que os países só podem receber em função do tamanho das suas economias”, precisa.
Estás limitações, clarifica Carlos Lopes, são da própria regra contratual que os países-membros são obrigados a seguir e não propriamente impostas pelo FMI. Portanto, prossegue, os países africanos podem aceder ao máximo desses direitos de tiragem especial em função do tamanho das economias.
Neste caso, indica, são cerca de 34 mil milhões de dólares, o que considera ser “muito pouco” para as necessidades das economias africanas, em relação a aquilo que poderia ser o acesso aos outros países que não vão usar. “Os países ricos não precisam usar esses mecanismos e seria bom se pusessem à disposição dos países africanos”, sugere o economista que já foi quadro das Nações Unidas.
O presidente angolano, João Lourenço, é um dos 15 chefes de Estado presentes na cimeira que pretende criar um pacote de apoio financeiro massivo para as economias africanas. Em Paris desde o início da semana, o chefe do Executivo angolano reuniu já com distintas individualidades, entre elas o presidente do Grupo Rothschild, de uma das famílias mais ricas e poderosas do mundo, Thibaud Foucarde, que anunciou, a abertura de um escritório em Angola.
João Lourenço recebeu igualmente em audiência Bertrand Camus, presidente da Sociedade Francesa de Suez, com quem abordou o Projecto BITA, orçado em 300 milhões de dólares e que se espera venha a reforçar o fornecimento de água a Luanda. O líder angolano reuniu também com Jean Marc Nasr, vice-presidente executivo de Sistemas Espaciais da Empresa Airbus.