Para Paulo Rosado, fundador e líder da Outsystems, o caminho do deserto foi longo e penoso. Durou 10 longos anos. Durante uma década, Paulo bateu a todas as portas que encontrava. Fez mais de 40 pitches junto de potenciais investidores, ao final dos quais recebia, na maioria das vezes, a resposta “impossível” ou “loucura”.
A vontade de desistir pairou por algumas vezes, particularmente em duas ocasiões em que a falência lhe bateu à porta. Não porque o negócio não tinha pernas para andar, mas porque a ideia de negócio da Outsystems estava à frente do seu tempo e o mercado que Paulo se propunha virar de pernas para o ar era (e ainda continua a ser) um organismo pesado e cheio de vícios penosos.
Hoje, passados 17 anos desde a fundação da Outsystems, Paulo lidera a tecnológica portuguesa com capacidade para atingir a dimensão de colossos como a SAP ou a Oracle. Shamit Mehta, analista principal do fundo de capital de risco Guidepost Growth Equity, que em 2016 investiu cerca de 50,5 milhões de euros na empresa portuguesa, diz à FORBES que “os ingredientes estão todos lá”. Só no ano passado, as receitas da empresa dispararam 63% para mais de 100 milhões de euros. Mas isto é só o começo.
Estima-se que o mercado das plataformas de desenvolvimento de software “low-code”, área em que se move a Outsystems, ascenda a 22 mil milhões de euros em 2022. Esta realidade coloca a actual líder de mercado e detentora do melhor produto, segundo as prestigiadas consultoras em tecnologia Gartner e Forrester, à beira de tornar-se no próximo unicórnio português.
De acordo com os cálculos da FORBES, fundamentados nas taxas de crescimento do passado recente e no potencial de crescimento do mercado, o valor da Outsystems rondará os 600 milhões de euros. Confrontado pela FORBES, Shamit Mehta preferiu não comentar, mas Joaquim Sérvulo Rodrigues, responsável da Armilar Venture Partners, o terceiro maior accionista da tecnológica, não teve dúvidas em afirmar que “é uma avaliação conservadora”.