O Fundo das Nações Unidas para a População e Desenvolvimento (FNUAP) entregou ao Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe um lote de equipamentos e consumíveis para a maternidade do Hospital Ayres de Menezes, com objectivo de eliminar mortes maternas evitáveis.
A FORBES ÁFRICA LUSÓFONA apurou que do pacote constam apetrechos para o bloco operatório da maternidade, entre os quais se destacam um monitor fetal CTG, cinco monitores fetais de bolso, um aparelho de anestesia e acessórios, um ecógrafo, um desfibrilador, um esterilizador, laringoscópios, aparelhos para medir tensão arterial e bomba para infusão.
Entre os consumíveis estão anestésicos, agulhas para anestesia espinal, diversos fios de sutura e algalias, bem como sistemas de coleta de sangue. “Estes materiais visam dar resposta às necessidades das maternidades para garantir um parto seguro, sobretudo nas emergências obstétricas”, afirmou Victória d’Álva, encarregada de escritório do FNUAP.
A responsável informou que a organização deve apresentar, até 2030, três resultados, concretamente eliminar as mortes maternas evitáveis, reduzir as necessidades não satisfeitas em planeamento familiar, assim como as práticas nefastas contra as mulheres, como a violência doméstica.
“Estamos a dar uma atenção especial à esta maternidade porque muitos casos vêm parar aqui e houve uma solicitação do Ministério da Saúde no ano passado para reforçar os serviços de maternidade. A melhoria de qualidade de serviço não passa só pelos equipamentos e consumíveis. Nós estamos disponíveis em continuar a investir também no domínio de recursos humanos”, justificou d’Álva, apelando ainda para que se fizesse bom usos do material doado.
Por seu turno, a directora do serviço de maternidade do hospital Ayres de Menezes, abordou a importância do apoio ressaltando que dos donativos recebidos, o que nunca tiveram no passado é a bomba de infusão que ajuda a controlar as medicações por gotejo.
Cremilde Bragança salientou também que têm um desfibrilador que é muito importante para o bloco operatório. “É aquele que a medida que o paciente tem uma paragem cardíaca vai se fazendo uma massagem. Outros materiais já tínhamos, mas escassearam, como são os casos das algálias e fios de sutura”, avançou.
Já o ministro são-tomense da Saúde, Celsio Junqueira, falou da necessidade de se reforçar mais a cooperação com o FNUAP e melhorar o trabalho de comunicação do sistema de saúde, no que toca as formas de procedimento e trabalhos em rede, porque, como disse, “se houver uma maior comunicação entre os profissionais, sobretudo os que trabalham na maternidade, tanto nos distritos como no hospital, poderá haver mais colaboração e no final o serviço prestado será melhor”.
O governante chamou a atenção para a necessidade de se trabalhar na sustentabilidade de São Tomé e Príncipe, para que se comece a repor, “pelo menos”, os consumíveis. “As parcerias não são eternas e temos de começar a andar por nossos próprios meios e garantir que no momento de luta [de salvar vidas] não falte munições aos nossos profissionais de saúde”, rematou.
Junqueira entende ser preocupante o número crescente de jovens grávidas naquele país, por se tratar de meninas com idades entre os 13 e os 17 anos, avançando que dados hospitalares mostram que no ano passado 851 jovens adolescentes deram à luz no país.
De acordo com dados divulgados pela maternidade, no ano passado foram realizados 4.124 partos, sendo 3.995 institucionais e 129 fora dos serviços. Ruptura uterina, sepsis e hemorragia foram as causas directas das 4 mortes maternas registadas em 2022.
Quando comparado com 2021, ano em que foram registados 5.650 partos, dos quais 5.633 institucionais, nota-se que houve uma redução de duas mortes, uma vez que naquele período seis mulheres perderam a vida durante ou após o parto.