Angola está no bom caminho da “recuperação económica saudável”, mas manter a disciplina orçamental é fundamental para garantir a sustentabilidade da dívida, advertiu, em Washington, o chefe da divisão responsável pela produção do relatório sobre as economias africanas, à margem dos encontros anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
Em declarações à Lusa, Luc Eyraud referiu que a dívida de Angola registou uma “significativa” descida nos últimos dois anos, em virtude não só dos acordos com os bancos chineses para o adiamento dos pagamentos, mas também da valorização do kwanza e da recuperação económica, fazendo o rácio da dívida sobre o PIB melhorar de 136,5%, em 2020, para 86,4%, no ano passado, e 56,6% este ano, caindo ainda mais em 2023, para 52,5% do PIB.
Em relação ao andamento da diversificação económica, o responsável explicou que as contínuas reformas estruturais para potenciar o sector não-petrolífero são cruciais para esses esforços, vincando que, ainda assim, o sector petrolífero melhorou este ano mais do que o previsto.
“A economia começou a recuperar em 2021, sustentada pelos preços mais elevados do petróleo e pelo relaxamento das medidas de contenção, para além de uma recuperação do sector não-petrolífero. Para 2022, o crescimento deverá ser mais robusto, apesar de alguns ventos contrários”, perspectivou.
Luc Eyraud detalhou que a produção petrolífera cresceu acima das expectativas este ano, o que, em conjunto com os preços mais elevados do petróleo, significa menos pressão orçamental, um fortalecimento significativo da balança externa e uma apreciação da taxa de câmbio, que motivou um abrandamento da inflação, que ainda assim continua elevada.