O Fundo Monetário Internacional acredita que o Executivo angolano vai mesmo avançar para a continuidade da retirada dos subsídios aos combustíveis ainda nesse ano, conforme apontado num encontro com jornalistas.
Para o representante em Angola, Victor Lledo, o movimento vai mesmo acontecer, “um bom sinal disso é que o OGE já tem isso previsto”, apontou.
Victor Lledo explica que a retirada da subvenção aos taxistas, – que já foi uma medida de mitigação, ou seja, para aliviar os efeitos da diminuição anterior – é também um sinal disso, e na prática, vem corrigir uma situação em que os benefícios não chegavam de forma correcta aos que deviam receber e mesmo assim, levava ao aumento da despesa orçamental.
Questionado sobre haver condições para isso, tendo em conta a situação do país, sobretudo a situação preocupante das pessoas, o responsável respondeu dizendo que estas condições podem ser criadas. “É difícil, mas possível”, rematou.
Não obstante a isso, que chega a parecer pouco importado com as pessoas, o representante do FMI em Angola, deu nota que a instituição tem noção da situação no país.
É assim que, para aliviar pressão nas pessoas, recomenda a que o Executivo corte nos gastos correntes não prioritários, trabalhe forte na eficiência do investimento público e no aumento da arrecadação fiscal para dar espaço para gastos no social.
O responsável explicou mesmo que as recomendações do FMI ao Executivo, vão no sentido de garantir robustez do sector fiscal, mas sempre com a nota de que os trabalhos para isso não podem atrapalhar o sector social.
Em outras palavras, a haver cortes, estes não podem afectar o sector social, que na perspectiva do FMI, deve ser aquele que deverá beneficiar dos saldos resultantes da arrecadação fiscal, sobretudo a não petrolífera.
A título de exemplo, o responsável apontou para a extensão do KWENDA, – um programa classificado como “de sucesso”-, para as zonas urbanas.
Crescimento económico de 0,6% em 2024
O Fundo Monetário Internacional aponta para um crescimento económico de 0,6% em 2024 para Angola.
Uma revisão em baixa, comparativamente aos 0,9% de crescimento previstos anteriormente, que na perspectiva da entidade, justifica-se por conta dos constrangimentos, essencialmente queda do preço do petróleo e queda na produção interna do mesmo.
Mas nem tudo são coisas más. O FMI olha para Angola como “um bom aluno”, e chama atenção para as medidas do Executivo que levaram a que a dívida pública se posicione nos 80% do PIB, apresentando uma melhoria de 18 (p.p), bem como a consolidação fiscal, com especial atenção para aumento da arrecadação fiscal.
Angola é tão “bom aluno” que, em sinal disso mesmo, vai em breve, receber a visita Directora Adjunta do FMI Antoinette Sayeh, “que sinaliza relevância de Angola para a instituição”, explicou o responsável.