O Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou, em Washington, o relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais: África subsaariana, no qual prevê, para este ano, uma recuperação de 3,4%.
O relatório sobre as economias da região, apresentado pelo diretor do departamento africano do FMI, Aemro Abebe Selassie, revê em alta, ainda que ligeira, a previsão divulgada no passado mês de outubro, na qual a instituição antecipava uma recuperação na ordem dos 3,2%. Esta estimativa tem em conta a contração, registada na região subsariana, cujo Produto Interno Bruto caiu 1,9%.
No documento pode ler-se que “no seguimento da maior contração de sempre da região, com uma queda de 1,9% em 2020, o crescimento deverá ressaltar para 3,4% em 2021, significativamente mais baixo que a tendência antecipada antes da pandemia”.
Durante a apresentação do relatório, Abebe Aemro Selassie admitiu que “a região vai recuperar algum terreno este ano, mas o rendimento per capita não regressa aos níveis de 2019 até depois de 2022, e a evolução económica causou alguma deslocação social, daí que o nível de rendimento per capita só regressará ao nível antes da pandemia em 2025 nalguns países”.
Abebe Aemro Selassie explicou que “a África subsaariana diverge do mundo, com constrangimentos no espaço orçamental e a distribuição de vacinas a atrasarem a recuperação de curto prazo”. Apesar de reconhecer que os países mais desenvolvidos deram um apoio extraordinário que está a alimentar recuperação económica, a verdade é que “para a maioria dos países da região isto não é uma opção”, sublinha o mesmo responsável.
Na mesma apresentação o responsável pelo departamento africano do FMI defendeu que “perseguindo ações de mobilização da receita interna, escolhendo prioridades para a despesa, e gerindo mais eficazmente a dívida pública, os decisores políticos africanos podem criar o espaço orçamental necessário para investir na recuperação económica, mas a região não consegue fazer isso sozinha”. Por isso, pediu mais apoios da comunidade internacional, através de doações e de empréstimos concessionais. E, a título de exemplo, detalhou que a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida poderá representar um alívio equivalente a cerca de 5,5 mil milhões de euros ( 6,5 mil milhões de dólares) desde a sua criação, em 2002, até meados de 2021.
Estão também ao dispor dos países da África subsariana, os programas de apoio do FMI, assim como a emissão de Direitos Especiais de Saque no valor de cerca de 550 mil milhões de euros (650 mil milhões de dólares).
O diretor do departamento africano do FMI lembrou ainda que “o número de pessoas em pobreza extrema aumentou 32 milhões só no ano passado”. O mesmo responsável alertou que o cenário de pandemia “causou também uma perda tremenda na educação, com os alunos africanos a perderem 67 dias de aulas, mais de quatro vezes os dias de aulas perdidos pelas crianças dos países avançados”.
O relatório sobre as Perspetivas Económicas Mundiais, o FMI reviu ainda em baixa a previsão de crescimento para Angola, de 3,2% para 0,4% este ano e 2,4% em 2022, o que fica abaixo da média da região. O FMI antecipa que todos os outros países lusófonos deverão recuperar este ano do desempenho negativo de 2020, em que se destaca Cabo Verde, que decresceu 14% no ano passado, mas que deverá crescer quase 6% no corrente ano. Já a Guiné Equatorial, a braços com uma previsão de recessão de 4% para este ano, pode atingir um crescimento de cerca de 6% em 2022.