A economia de Moçambique deve fechar 2021 com o registo de um crescimento de 2,8%, depois de ter caído 1,3% em 2020, com o abrandamento das medidas imposta pelo Governo para fazer face à pandemia da Covid-19 a justificar a recuperação, de acordo com a previsão da Consultora Fitch Solutions distribuída aos investidores.
“Prevemos que o PIB de Moçambique cresça 2,8% este ano, e que o Governo não vá implementar medidas de confinamento tão duras como as que foram aplicadas no segundo trimestre”, lê-se num comentário aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística moçambicano.
Com a pandemia da Covid-19, os vários sectores de actividade económica do país registaram desaceleração. Nem mesmo depois de vários pacotes de medida de alívio à crise económica ajuadaram na recuperação. Desta vez, com o abrandamento das restrições, é esperado um crescimento perto dos 3% na riqueza nacional moçambicana.
Segundo a nota dos analistas da Fitch Solutions, organização pertencente aos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, “as condições do mercado laboral vão continuar a melhorar gradualmente, fortalecendo o rendimento disponível das famílias e a confiança dos consumidores, o que levará a uma recuperação moderada do consumo privado”. Isto devido ao abrandamento das medidas de confinamento.
Das previsões da Fitch Solutions, consta ainda a possibilidade de a despesa pública vir a registar também crescimento, nomeadamente no combate à insegurança em Cabo Delgado e na compra de vacinas contra a pandemia da covid-19, o que vai, na perspectiva dos peritos, animar a actividade económica.
Apesar da melhoria no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), os 2,8% ainda estão bem abaixo da média dos últimos 10 anos, que, como referem os especialistas da Fitch, se situava nos 5,5%.
Somam-se aos factores da recuperação da riqueza moçambicana este ano, para além da despesa pública, a retoma nas principais exportações do país. “A produção nacional de carvão deverá recuperar de uma contracção de 16,9% em 2020 para um crescimento de 10,6%, com as principais mineiras a retomarem as operações, e os preços do alumínio deverão também registar uma forte subida, de 1.731 dólares por tonelada para 2.300 este ano, o que apoia uma recuperação robusta das exportações este ano”, projectam os analistas.
Actividade privada em declínio, segundo Standard Bank
Entretanto, um outro estudo, desenvolvido pelos analistas do Standard Bank de Moçambique, concluiu que, em Agosto último, a actividade económica do sector particular registou uma desaceleração. À semelhança do PIB nacional, a culpa da retracção da economia privada foram também as maiores restrições das regras de confinamento por causa da Covid-19.
No período, o valor do que o Standard Bank designa por Purchasing Managers Index desceu para 47,9, o mais baixo dos últimos sete meses, uma queda de 51,8 registado em Julho e a primeira vez que este valor se cifra abaixo dos 50,0 nos últimos cinco meses, conforme a análise.
“Os registos indicam uma deterioração moderada da saúde na economia do sector privado, uma vez que a produção, as novas encomendas e os inventários sofreram descidas desde Julho”, acrescenta o estudo, que sublinha que a confiança nas empresas manteve-se forte, mas o número de postos de trabalho aumentou a um ritmo mais lento.