A agência de notação financeira Fitch Ratings decidiu, há dias, manter o rating de Moçambique em CCC+, tendo deixado de avaliar as emissões soberanas em moeda local, “devido à ausência de informação credível” sobre atrasos nos pagamentos.
“A retirada do rating sobre as emissões em moeda local de Moçambique reflecte a ausência de informação credível sobre a resolução atempada dos pagamentos atrasados de títulos de dívida doméstica”, lê-se na nota que acompanha a decisão de manter a opinião da qualidade do crédito soberano em CCC+, três níveis acima do nível de incumprimento financeiro (default), divulgada na sexta-feira, 11, à noite.
A Fitch considera que os pequenos atrasos nos pagamentos dos cupões em títulos de dívida interna, emitidos em moeda local, têm sido uma característica estrutural do mercado de dívida moçambicano nos últimos anos.
“Consideramos que todos os pagamentos foram feitos, apesar de com um atraso de até nove dias, mas não temos informação credível para monitorizar o calendário dos pagamentos dos cupões”, diz a agência.
Entre Janeiro e Maio deste ano, além de atrasos nos pagamentos das prestações da dívida, Moçambique atrasou-se também nos pagamentos da totalidade dos montantes, reflectindo as pressões financeiras originadas pelo ciclone Freddy e pela ultrapassagem da despesa prevista com salários da função pública, bem como devido a deficiências significativas na gestão orçamental”, conclui a Fitch, seguindo as pisadas da Standard & Poor’s, que já em Julho tinha descido o rating das emissões internas, “devido a debilidades no sistema de pagamento da dívida de Moçambique”.
Os analistas desta agência de notação financeira, citados pela Lusa, esperam um crescimento da economia moçambicana de 6,4% este ano e uma média de 4,9% em 2024 e 2025, melhorando face aos 4,2% registados no ano passado.
“As previsões reflectem principalmente o aumento da produção no sector extrativo, com a plataforma flutuante da Eni a aumentar a produção em 70 a 90% em 2023 e 2024”, justifica a Fitch, que aponta para o regresso da francesa TotalEnergies a Cabo Delgado no primeiro trimestre do próximo ano.