Os estilistas angolanos queixam-se da falta de uma fábrica têxtil no país, situação que tem condicionado a evolução da moda, uma vez que importam a maior parte das matérias-primas de Portugal.
Em declarações à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA durante a 10ª edição da Moda Angola 2022, realizada neste Domingo, em Luanda, pela Tussole, em parceria com a DPSB7, sob o lema Identidade africana feito em Angola, a ex-top model e estilista, Karina Silva, defendeu “que há necessidade de se evoluir ainda mais, Angola está um pouco atrasada em relação às outras realidades”.
“Aqui, na verdade, há falta de tudo. Todo o nosso material vem de fora. É muito difícil o trabalho do estilista, porque trazer tudo de fora para poder fazer aqui e depois vender para lá outra vez é um trajecto longo”, reclamou.
Este atraso, no seu entender, prejudica, na medida em que obriga os estilistas a serem repetitivos na produção de moda.
Por sua vez, o estilista e criador de Moda, Adelino Fernandes, conhecido como “Didi”, reforçou que não havendo uma indústria têxtil, é normal que hajam inúmeras dificuldades, como por exemplo a diversidade do tecido que o estilista tem de ir buscar ao mercado externo.
“É preciso ter uma fábrica com a qualidade necessária para que nós, os criadores, deixemos de ir buscar a matéria-prima fora de Angola. Normalmente, eu adquiro tudo em Portugal”, sublinhou.
Por sua vez, o coordenador do Moda Angola 2022, Daniel Pires, disse à FORBES ser fundamental que os empresários passem a olhar para a moda como um negócio, já que rende milhões em todo o mundo.
Luís Contreiras, presidente do Conselho de Administração da PALM Confecções de Angola e presidente da Associação das Indústrias Têxteis e Confecções de Angola, admitiu que ainda não chegaram ao nível de satisfação, porque é tudo muito recente no país.
“Tem havido encontros permanentes com a área de produção da Textang e com as confecções, de modo a melhorar a gramagem do tecido, o acabamento e amistura de cores”, assegurou.