Espanha vai aumentar em 200 milhões de euros a cobertura do seguro oficial para exportação a Angola. O anúncio foi feito, em Luanda, pelo presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, durante o Fórum de Negócios Angola-Espanha.
Pedro Sánchez, que efectuou esta semana uma visita de algumas horas à Angola, mostra assim o compromisso de Espanha com o desenvolvimento económico, internacionalização e literacia económica do país.
“Espanha, sem qualquer dúvida, reconhece o esforço que Angola tem empreendido nesta nova etapa dirigida pelo presidente João Lourenço, que optou por uma política económica orientada para o equilíbrio das contas públicas e pela transparência”, disse o governante espanhol, para que, num bom governo, a meio de uma crise, isto é muito importante. “Isso é, sem dúvidas, o caminho para o êxito”, considerou.
O presidente do governo de Espanha afirmou estar convencido que com o acordo que o Executivo angolano tem com o Fundo Monetário Internacional e o respaldo da comunidade internacional, em que se inclui o seu país, o esforço de João Lourenço vai resultar num maior acesso ao financiamento e a uma maior atração de investimentos para Angola.
“O financiamento é vital para Angola, para que [o país] tenha êxito nesta estratégia a que me referi e, por isso, Espanha vai continuar a garantir a sua parte em forma de apoio financeiro, com diferentes instrumentos públicos”, garantiu
Sánchez apontou Angola como um mercado muito importante para Espanha, tendo realçado que as relações entre os dois países sempre foram “excelentes”, tanto a nível institucional como empresarial.
Dados oficias mostram que as exportações de Espanha para Angola cresceram de 300 milhões de euros, em 2015, para os 500 milhões, nos últimos anos, enquanto, no sentido inverso, o país africano exportou cerca de 1,3 mil milhões de euros, superando os mais de 200 milhões de euros de 2014.
Entre 1990 e 2020, o Reino de Espanha investiu em Angola 460 milhões de dólares, por meio dos seus empresários, reflectindo uma carteira comercial em permanente crescimento.
“Para o governo de Espanha, Angola é um país amigo e com o qual colaboramos e no qual nos apoiamos”, indicou Pedro Sánchez. Por isso, avança, acredita-se que o país poderá alcançar o desenvolvimento económico que necessita, num desafio em que, assegura, poderá contar com a boa vontade das empresas espanholas.
O presidente do governo de Espanha justifica que a actual situação económica do país, que classifica como “complexa”, teve um grande impacto nas trocas comerciais entre os dois Estados, mas que, ainda assim, Angola é o terceiro fornecedor da Espanha na África subsaariana.
Sánchez indicou que o grosso das importações espanholas de Angola é está ligado a produtos energéticos, sobretudo petróleo, e saudou aposta do governo angolano na diversificar da economia , como forma de reduzir a dependência do petróleo.
Empresários expectantes
À margem do Fórum de Negócios Angola-Espanha, a FORBES ouviu alguns empresários espanhóis, que se manifestaram satisfeito e expectantes no reforço das relações comerciais para que se produzam resultados mutuamente vantajosos.
Rubén Bocero, empresário e director da empresa RB Angola – que se dedica ao fabrico de equipamentos de frio para a indústria alimentar nacional, matadouros, pescarias e também para as indústrias de bebidas no país – diz acreditar que a visita do presidente do Governo de Espanha vai ajudar a promover as empresas espanholas existentes em Angola. “Angola é, acima de tudo, um país com grande potencial e que precisa da ajuda de Espanha para continuar a crescer”, frisa
Há sete anos no país, o gestor faz um balanço positivo da actividade da empresa que dirige em Angola, embora afirme não ter tido um crescimento desejado em 2020, por culpa da Covid-19, que, conforme adianta, acabou por paralisar os investimentos.
Por sua vez, o especialista em desenvolvimento de projectos e consultoria da empresa Globaltec, José Maria Moreno, acredita que a visita de Estado de Pedro Sánchez vais abrir também caminhos para o reforço da abertura de linhas de financiamentos para o apoio das actividades de empresas daquele país ibérico.