O cenário de crise marcado pela pandemia da Covid-19, em 2020, afectou drasticamente a actividade económica de Cabo Verde, metendo em causa os sectores de negócios, como é o caso do sector da exportação, que no ano passado registou uma queda em mais de 16%, essencialmente da exportação de peixe e conservas.
Segundo o mais recente relatório estatístico do Banco de Cabo Verde (BCV), globalmente, as exportações de bens deste país lusófono (não inclui receitas como turismo) caíram em 2020 mais de 16% face ao ano anterior, para 5.100 milhões de escudos (46,2 milhões de euros), fundamentalmente peixe e conservas. Do total das exportações, menos de 10% são produtos transformados no arquipélago, como calçado e vestuário.
“Globalmente, as exportações de bens deste país lusófono (não inclui receitas como turismo) caíram em 2020 mais de 16% face ao ano anterior, para 5.100 milhões de escudos (46,2 milhões de euros), fundamentalmente peixe e conservas”
Esta queda deve-se não só pelo cenário marcado pelas restrições impostas pela Covid-19, mas pelo facto de o principal comprador (Espanha) dos produtos cabo-verdianos se ter deparado com problemas nas exportações dada a falta de um cordo por parte da União Europeia para a derrogação de normas de origem.
Recorde-se que Espanha é o principal comprador dos produtos cabo-verdianos, com uma quota superior a 60%, mantendo uma forte atividade na indústria conserveira, essencialmente na ilha de São Vicente.
Em Junho a Comissão Europeia aprovou uma derrogação de três anos das regras de origem preferencial nas conservas de filetes de atum, sarda, cavala e judeu por Cabo Verde. Segundo a Lusa, na decisão da Comissão Europeia, assinada pela presidente, Ursula Von Der Leyen, foi assumido que a derrogação é de carácter temporário, por três anos, “e está sujeita a um melhor cumprimento das regras de origem aplicáveis aos produtos em causa e ao requisito relativo à cooperação administrativa”.
O ministro da Economia Marítima cabo-verdiano admitiu entretanto que a derrogação da Comissão Europeia às normas de origem, viabilizando as exportações de conservas, será a última e que até 2023 o arquipélago terá uma frota industrial nacional. “O objectivo é termos a nossa frota com capacidade para que dentro de dois anos e meio isso aconteça”, afirmou Paulo Veiga.
Recuperação chega ao sector da exportação
Apesar desta queda na exportação de peixe e conservas em 2020, este ano, segundo ainda o relatório, as exportações de conservas e peixe congelado já disparam para 5,3 milhões de euros em um mês.
Segundo o relatório, o valor das exportações cabo-verdianas destes produtos atingiram em Julho 5,3 milhões de euros, um pico mensal em mais de dois anos. “Este volume de vendas de conservas e peixe congelado que representa mais de 80% das exportações do arquipélago ascendeu, de Janeiro a Julho, a quase 2.190 milhões de escudos (19,8 milhões de euros). Trata-se de um aumento de quase 4% face aos primeiros sete meses de 2020, quando essas vendas atingiram 2.108 milhões de escudos (19 milhões de euros)”, lê-se no relatório.
Os dados do BCV revelaram ainda que só no mês de Julho último Cabo Verde exportou mais de 586 milhões de escudos (5,3 milhões de euros) em conservas e peixe congelado, o valor mensal mais elevado desde pelo menos 2019.