Um projecto de gás natural avaliado em 30 mil milhões USD da Exxon Mobil a ser implementado em Moçambique, na zona de Cabo Delgado, corre o risco de não sair do ‘papel’ devido a preocupações que o novo corpo directivo da companhia petrolífera norte-americana levanta sobre a acção do grupo face aos riscos ambientais, de acordo com um relatório citado pelo Wall Street Journal.
As preocupações contra a construção do novo projecto energético em Moçambique surge depois de a Exxon ter nomeado para o seu board quaro dos principais activistas do ambiente, com Jeff Ubben à frente do barco.
Nomeados em Março, o novo corpo directivo da Exxon está a repensar, assim, se continua ou não a injectar dinheiro para a materialização do projecto de petróleo e gás em solo moçambicano.
Na base dos receios, está uma onda global de críticas às ‘majors’ do sector petrolífero que, segundo analisas, “precisam de fazer mais” para preservação do ambiente. Após críticas sucessivas, grande parte das companhias têm vindo a acatar o que se designou “activismos ambiental” de várias organizações internacionais de defesa ao ambiente, conforme escreveu recentemente o ‘The Wall Street Journal’.
Moçambique não é a única Nação sobre a qual o novo ‘board’ da Exxon tem manifestado preocupação com os investimento o gás natural. Da lista de geografias em que a companhia pensa desinvestir está ainda o Vietname, país em que está previsto um projecto de gás multimilionário, de acordo com o WSJ, que cita um relatório do sector.
Segundo o site ‘Offshore Engineer’, os projectos de Moçambique e Vietname têm estado parados durante longos períodos devido a lutas locais, além dos custos elevados na produção. Até à data, refere o site, nenhuma decisão final de investimento foi tomada sobre estes projectos.
Face a estes eventos, as conversações sobre os projectos estão a decorrer como parte de uma revisão do plano de despesas de cinco anos da Exxon, sobre o qual o conselho de administração deverá votar agora no final de Outubro.
Para além da situação em Moçambique e Vietname, a Exxon está também a analisar as emissões de carbono esperadas de cada projecto e como essas afectariam a sua capacidade de cumprir as promessas de redução de emissões.
De acordo com o Offshore Engineer, que cita um relatório interno da Exxon pré-pandémico, as emissões anuais projectadas dos projectos de Moçambique e Vietname foram das mais elevadas dos projectos de oleodutos e gasodutos planeados pela Exxon.
Não é a primeira vez que Moçambique sofre ‘ameaças’ de ver paralisada uma infraestrutura de fomento ao sector energético local. Recentemente, um relatório designado No New Coal Handbook colocou cinco países africanos, incluindo Moçambique, na lista de nações que se arriscavam a ficar sem financiamento da República da China para a construção de várias centrais eléctricas à base de carvão.
Os argumentos são quase mesmos: preocupações com o clima. Isto depois de a China ter anunciado que iria pôr “um ponto final no apoio a projectos de carvão no estrangeiro”.