O Governo da Guiné-Bissau reportou ao Banco Mundial (BM) que se opõe à gestão da Empresa de Águas e Electricidade do país (EAGB) pelo actual consórcio, integrado por empresas portuguesas, de acordo com um comunicado do ministério das Finanças guineense.
A informação foi passada ao BM durante um encontro em Washington, Estados Unidos da América, entre o ministro das Finanças, Ilídio Té, e o vice-presidente daquela instituição bancária para a África Ocidental e Central, Ousmane Diagana, no âmbito das reuniões de primavera da organização e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que terminaram no último Domingo, 16.
O ministro das Finanças guineense, Ilídio Té, citado no comunicado, destacou que o Estado não pode intervir financeiramente numa empresa que é rentável e que se opõe à gestão do consórcio, que conduz a empresa de Águas e Electricidade do país.
“A gestão do Governo já tinha resolvido essa questão. O Governo é obrigado a pagar as facturas da EAGB, resultante da gestão danosa do consórcio, despesa que o orçamento geral do Estado não prevê”, referiu o ministro das Finanças, no comunicado enviado à imprensa. Para Ilídio Té, o Governo deve assegurar a gestão directa da EAGB, “porque, durante a gestão governamental, não houve faturas em atrasos”.
O consórcio constituído pela EDP, a Águas de Portugal (AdP) e a Leadership Business Consulting (LBC) assumiu a gestão da EAGB em 2018, com base num contrato apoiado financeiramente pelo Banco Mundial, no valor de 3,9 milhões de euros, e válido até 2021, mas que em Março de 2020, abandonou a Guiné-Bissau devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“O Banco Mundial vai continuar a acompanhar o Governo da Guiné-Bissau para encontrar uma solução duradoura para a empresa de Electricidade e Águas da Guiné-Bissau”, referiu o vice-presidente da instituição para África Ocidental e Central, Ousmane Diagana, também citado no comunicado das autoridades guineenses.
O quadro do BM propôs também a contratação de uma empresa especializada para acompanhar a Guiné-Bissau nas futuras negociações com a empresa turca Karpower, que operacionaliza a central eléctrica flutuante que fornece electricidade à capital guineense.
Segundo a Lusa, num encontro realizado na passada semana, o FMI aconselhou o Governo a evitar injectar mais fundos na Empresa de Águas e Electricidade da Guiné-Bissau, “que já devia ter começado a gerar lucros e não prejuízos”.