O Executivo angolano deve apostar na diversificação da economia e adoptar um modelo económico que resolva os problemas do povo, defendeu há dias, o economista Carlos Rosado de Carvalho, durante a primeira conferência Angola Growing – Investimentos e Oportunidades.
De acordo com Carlos Rosado de Carvalho, o principal desafio de Angola é diversificar a sua economia que deve ser feita pelo sector privado que também depende de um bom ambiente de negócios que ainda está em falta no país.
“É esse o problema que nos persegue desde a independência e que não vejo que tenha condições de mudar. Tudo que está a acontecer com a economia angolana nesta altura é resultado de más escolhas políticas e económicas que tivemos ao longo deste tempo e se nós não resolvermos isto não vamos conseguir diversificar a nossa economia”, afirmou Carlos Rosado de Carvalho.
Sobre a nova medida anunciada recentemente pelo Executivo, em relação à redução de 14% para 7% do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) para aliviar o custo de vida dos cidadãos, o economista considerou ser “uma iniciativa positiva”, mas alerta, no entanto, “que não ocorrerá tal como se espera”.
Justificou que, “quando se aumentam os impostos, aumentam-se os preços e quando se baixa os impostos, nomeadamente o IVA, os preços não descem necessariamente, o que é uma boa medida de médio e longo prazo, porque no futuro os preços já não serão formados com 14% e sim com apenas 7%”.
Para o também jornalista e professor universitário, tudo aquilo que tenha menos fiscalidade serve para incentivar o investimento e garantir um melhor ambiente de negócios.
Por sua vez, o director do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola, Heitor de Carvalho, que também foi um dos oradores da primeira conferência Angola Growing, defendeu que os desafios da economia angolana passam por dois aspectos, nomeadamente estabilizar a taxa de câmbio e mudar o regime económico actual.
No seu entender, é fundamental que haja um preço fixo para o petróleo e que os rendimentos acima do preço estabelecido vão directamente para um fundo soberano independente ao qual o Executivo não tenha acesso.
“Como nós sublinhamos, esse fundo soberano não é um fundo dos nossos tios ou irmãos e, portanto, ele não deve estar à disposição dos actuais governantes do país. Deve ser independente e gerido de forma que cresça constantemente e esteja à disposição de gerações futuras. Se isso tivesse acontecido, nós teríamos uma taxa de câmbio estável porque o que se passou foi contrariamente ao que se disse”, argumentou.