Em entrevista exclusiva à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o CEO da Bodiva destaca as operações de Ofertas Públicas de Venda realizadas este ano, que resultaram num encaixe financeiro acima doa 16 mil milhões de kwanzas, e aborda também a alienação de 30% do capital social da empresa, que superou as expectativas e gerou receitas superiores a 2 mil milhões de kwanzas, com a procura pelas 180.000 acções a ultrapassar a oferta em cerca de 779%.
O ano 2024 está praticamente no fim. Que balanço nos pode ser antecipado em termos de resultados obtidos pela Bodiva?
Embora o ano de 2024 ainda não tenha terminado, em nosso entender, fica marcado por várias operações realizadas nos mercados Bodiva, dos quais destacamos a realização das Ofertas Públicas de Venda de acções, nomeadamente a da ENSA, Bodiva e ACREP, que em conjunto arrecadaram um total de 16,6 mil milhões de kwanzas. Realce também para a venda de títulos em moeda estangeira via Bolsa (Operação Kissonde), cujo montante arrecadado totalizou 425 mil milhões de kwanzas.
E como se comportou o mercado secundário?
A nível do mercado secundário, face a 2023, verificamos um aumento do número de negócios na ordem dos 60% e aumento da capitalização de mercado em cerca de 22%. Também verificamos um aumento 11,8% do número de contas de custódia, que no fundo representa o aumento do número de potenciais investidores nos mercados Bodiva. Estes números demonstram que os mercados geridos pela Bodiva estão numa trajetória positiva e sustentável.
Com a privatização de 30% do capital social da Bodiva, que novos desafios se esperam para a administração da empresa?
Não obstante ao seu processo de privatização, a Bodiva, em nossa opinião, sempre foi uma empresa bastante robusta. A Bodiva sempre teve a contabilidade auditada, transparente e sem reservas. A Bodiva apresenta lucros recorrentemente e tem distribuído dividendos. Nós, inclusive, temos uma política inovadora de responsabilidade social, com o objectivo é de ajudar milhares de produtores em várias partes do país. Portanto, é uma empresa com padrões de governação que estão alinhados com as melhores práticas internacionais. Assim, a privatização de 30% do seu capital social, ao trazer consigo novos accionistas, vai apenas exigir da empresa sistemas de melhoria da contínua da comunicação, assegurando a necessária inclusão e equidade entre todos os accionistas.
“O mercado de capitais em Angola passou a ser uma realidade e em amplo crescimento, o que tem despertado o interesse de empresas e pessoas dos mais variados sectores.”
A procura pelas 180.000 acções da empresa ultrapassou a oferta em quase 779%. Na sua óptica, o que é que isso sinaliza?
Isto sinaliza claramente que a Bodiva já é uma marca de referência no País. Este entusiamo é claramente um voto de confiança na equipa jovem que trabalha todos os dias de forma diligente, na estabilidade da empresa e nas perspectivas de desenvolvimento do seu negócio, mas, para além disso, acreditamos que reflete o potencial do próprio mercado de capitais. O mercado de capitais em Angola passou a ser uma realidade e em amplo crescimento, o que tem despertado o interesse de empresas e pessoas dos mais variados sectores.
Dentro da estratégia de privatização da Bodiva, o que é que está previsto para os restantes 70% de sua acções? Serão também dispersas em bolsa?
De acordo com o programa de privatização, o objectivo é alienar a totalidade do capital social da Bodiva. Neste contexto, os restantes 70% de acções detidas pelo Estado, deverão ser alienados de forma progressiva, alinhada com a estratégia do Estado e o crescimento da empresa.
Na prática, o que é que muda com a entrada de 1.869 novos accionistas? Que Bodiva teremos daqui para frente?
A Bodiva já é uma empresa que reúne todos os requisitos de uma sociedade cotada. No entanto, esta mudança pode resultar em uma empresa ainda mais inclusiva, transparente e dedicada ao alinhamento das melhores práticas de governança corporativa. Espera-se que a Bodiva se torne ainda mais dinâmica, eficiente e inovadora, respondendo às demandas dos novos accionistas e do mercado, o que pode impulsionar o desenvolvimento do mercado de capitais em Angola.