O relançamento do É-JOVEM promete transformar o cenário de consumo e inclusão financeira para a juventude angolana. A expectativa é alta, e a visão do responsável pelo projecto, Mário Martim Magalhães, é clara: o É-JOVEM está aqui para ficar e fazer a diferença. Descubra nesta entrevista exclusiva com a Forbes África Lusófona as motivações por trás deste relançamento e como o É-JOVEM vai mudar o dia a dia da juventude angolana.
Qual foi a motivação principal por trás do relançamento do Cartão Jovem em Angola?
Perseverança. Em 2020, quando fomos obrigados a encerrar os postos de adesão poucos meses após o lançamento, sentimos que poderia ser o fim precoce de um projecto que acreditávamos ter um grande potencial para melhorar as condições de vida dos jovens em Angola. Era uma start-up privada, e sem apoio estratégico dos nossos parceiros, manter a operação seria financeiramente insustentável. Durante quatro anos, mantivemos o sonho adormecido, mas sempre com a certeza de que voltaríamos mais fortes. Em 2024, aqui estamos com uma nova estrutura societária, nova equipa de gestão e o mesmo compromisso: beneficiar os jovens angolanos.
Quais as principais vantagens que os jovens podem esperar ao aderir ao Cartão Jovem?
O objetivo do É-JOVEM é permitir aos jovens dos 15 aos 35 anos aceder a bens e serviços com descontos entre 5% e 50%, dependendo do parceiro. Literalmente, estamos a oferecer-lhes a possibilidade de poupar de forma directa em várias áreas do seu quotidiano. E o melhor: o É-JOVEM é completamente gratuito!
De que forma o Cartão Jovem contribui para a promoção de iniciativas autárquicas e o desenvolvimento local?
Sendo uma iniciativa privada, o É-JOVEM foca-se em criar uma plataforma de descontos que cobre todas as áreas de interesse para os jovens: comércio, educação, alimentação, saúde, entre outros. A médio prazo, acreditamos que o impacto será sentido no estilo de vida das famílias, tornando o consumo mais acessível para todos.
Quais são os sectores que mais colaboram com o Cartão Jovem, em termos de descontos e benefícios?
Actualmente, já contamos com parcerias em sectores-chave como hipermercados, clínicas, farmácias, centros de formação, universidades, lojas de roupa e restaurantes. Estamos em negociações com cinemas, seguradoras e bancos, que acreditamos que se juntarão novamente a nós. Uma das novidades desta fase é que os pagamentos para usufruir dos descontos serão feitos através de uma app, promovendo a literacia financeira e a inclusão bancária.
Existem parcerias com grandes marcas ou empresas nacionais e internacionais envolvidas neste relançamento?
Sim, temos grandes marcas nacionais e internacionais que reconheceram o impacto social desta iniciativa e decidiram associar-se. Estamos ainda a negociar com parceiros tecnológicos e bancários para assegurar o melhor sistema de pagamento integrado no país, que será utilizado em toda a rede de comerciantes aderentes.
De que forma o Cartão Jovem pretende tornar os eventos culturais e desportivos mais acessíveis à juventude angolana?
Já temos parceiros de descontos em grandes empresas do sector de eventos culturais. Assim que os jovens aderirem ao É-JOVEM, poderão usufruir de descontos em bilhetes para eventos culturais e desportivos.
Quais são os critérios para que os jovens possam aderir ao Cartão? Há algum limite de idade ou requisitos específicos?
A maior novidade é que o É-JOVEM é gratuito! Qualquer jovem entre os 15 e os 35 anos pode aderir sem custos, através da nossa app. Para aqueles que não possuem smartphones, é possível aderir via Mobile Money, usando um código e uma referência.
Como planeiam chegar a jovens de regiões mais afastadas e garantir que todos possam beneficiar do Cartão Jovem?
Temos um plano de expansão elaborado para garantir que, no primeiro ano, estaremos presentes em seis províncias. O nosso objectivo é atingir a cobertura nacional até ao segundo ano.
Quais são as expectativas de adesão para os primeiros anos deste relançamento, e como medirão o impacto desta iniciativa?
Esperamos chegar a 1 milhão de aderentes nos primeiros 12 meses. Contamos com 20 postos de adesão em Luanda na fase inicial, e gradualmente expandiremos para as províncias. Em 2020, atingimos 149 adesões por dia, mesmo com um custo de 2.500 AKZ. Agora que o É-JOVEM é gratuito e com o plano de comunicação que temos, esperamos números ainda mais altos. Com o novo sistema de pagamento, poderemos medir o impacto de forma precisa, acompanhando o uso dos benefícios pelos aderentes.
O Cartão Jovem planeia expandir os seus benefícios para além do território angolano, em parcerias com outros países da CPLP ou da África?
Sim, esse é um objetivo a médio prazo. O Cartão Jovem já existe em alguns países da Europa desde os anos 80, e estamos a trabalhar para identificar parceiros em países de língua portuguesa e, eventualmente, expandir para outros mercados africanos.
*Fernanda Mira
*Foto: Tom Carlos