O ex-ministro das Finanças da Guiné-Bissau, Suleimane Seidi, foi detido novamente apenas dois meses após ter sido libertado para aguardar julgamento em liberdade, acusado de corrupção. A família e a Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciam a detenção como um “rapto”, afirmando que Seidi se encontra atualmente na segunda esquadra de Bissau.
Segundo a Lusa, Suleimane Seidi foi inicialmente preso em Dezembro de 2023, no âmbito do controverso processo conhecido como “caso seis biliões”. Após meses em prisão preventiva, foi libertado em julho, mediante o pagamento de uma caução de sessenta milhões de francos CFA (cerca de 91 mil euros) e a imposição de apresentações semanais às autoridades.
O irmão de Seidi, Bramia Seidi, relatou que o ex-ministro foi abordado por quatro homens à paisana enquanto tomava o pequeno-almoço num restaurante de Bissau e levado para um local desconhecido. Quando a família se dirigiu à esquadra, foi impedida de ver Suleimane, o que levantou ainda mais preocupações.
Bubacar Ture, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, condenou a detenção, considerando-a “arbitrária e abusiva”, alegando que não existem motivos válidos para a detenção do ex-ministro neste momento. Ture afirmou que a detenção é uma clara perseguição política, alertando que a Liga exige a libertação imediata de Suleimane Seidi.
O processo judicial
A detenção de Suleimane Seidi e do ex-secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, está relacionada com acusações de pagamento indevido de dívidas do Estado a 11 empresários, que totalizam seis mil milhões de francos CFA (mais de nove milhões de euros). Ambos os ex-governantes são acusados de corrupção, abuso de poder, violação de normas orçamentais, peculato e fraude fiscal.
O processo encontra-se atualmente no Supremo Tribunal de Justiça, após a defesa ter interposto um requerimento de inconstitucionalidade. Em julho, um juiz decidiu pela libertação de ambos, no entanto, a situação reverteu-se com a nova detenção de Seidi.
Contexto político conturbado
A prisão dos ex-governantes provocou confrontos armados entre a Guarda Nacional e as Forças Armadas da Guiné-Bissau, levando a um clima de instabilidade política. O Presidente Umaro Sissoco Embaló, que estava no estrangeiro durante os confrontos, considerou a situação uma tentativa de golpe de Estado, resultando na demissão do Governo e na dissolução do parlamento.
A situação de Suleimane Seidi levanta questões sobre a liberdade e os direitos humanos na Guiné-Bissau, num contexto político já marcado por tensões e conflitos.