Ao longo dos anos, a Angolauto popularizou-se, “através da fiabilidade e qualidade dos seus veículos”, tanto nos pesados, com a Scania, como nos ligeiros, onde o Suzuki Jimny foi vários anos líder de mercado, o que, segundo Paulo Marques, permitiu ao grupo afirmar-se num mercado automóvel competitivo, como é o angolano.
A Angolauto actua no país há vários anos. Que resultados puderam obter desde a inserção no mercado angolano?
A Angolauto é uma empresa Angolana com mais de 30 anos de experiência no mercado automóvel. Desde 1993 que somos o importador exclusivo da marca Scania nos veículos pesados, e, desde 2001, representamos a marca Suzuki nos veículos ligeiros, motorizadas e motores marítimos para embarcações de recreio. Desde a sua fundação, a Angolauto já comercializou mais de 30.000 veículos em Angola, com oficinas na cidade de Luanda, Viana e Benguela.
Entre 2020 e 2021 o balanço das empresas ressentiu-se muito da pandemia. É também o caso da Angolauto?
O ano 2021 seria sempre um ano de retoma do sector, depois de termos enfrentado, em 2020, o pior ano de sempre para a indústria automóvel desde a independência de Angola. Pela positiva, destacaríamos a estabilidade dos processos de importação de mercadorias e obtenção de cambiais no sistema bancário, que permite uma melhor gestão dos fluxos financeiros das empresas. Por outro lado, a inflação galopante e consequente erosão do poder de compra das pessoas e das empresas limita a retoma económica da nossa actividade.
Em termos financeiros, qual é o resultado obtido entre 2020 e 2021?
A Angolauto tem sistematicamente atingido uma quota de cerca de 15% do mercado automóvel formal em Angola, o que em termos de facturação equivale em média a um valor próximo dos 20 milhões de dólares anuais para os últimos três anos.
Nem mesmo a pandemia afectou as vossas operações?
O ano de 2020 foi marcado pela crise sanitária causada pela SARS-COV2, que teve enormes consequências para as economias de todos os países, incluindo Angola, resultado das medidas de confinamento da população que causaram o encerramento de várias actividades económicas. Na sequência das restrições impostas pelas autoridades de Saúde, a Angolauto teve de implementar medidas de contingência que se reflectiram na redução muito significativa da sua actividade económica, nomeadamente no encerramento aos seus clientes, por um período de tempo considerável, dos stands de vendas de viaturas e redução ao mínimo da prestação de serviços associados.
Quando é que se sentiram mais atingido pela crise da Covid-19?
Esta quebra foi mais acentuada durante o primeiro semestre de 2020, tendo existido alguma retoma a partir do final do 2020 e inicio de 2021.
Do balanço de 2021, que marcos se podem assinlar das vossas operações?
A Angolauto terminou 2021 com vendas superiores a 400 veículos, dos quais destacamos a entrada em circulação da Frota de Autocarros Articulados Scania, que darão um forte contributo para a melhoria dos transportes colectivos da Cidade de Luanda.
Considerando a actual crise sanitária global, como avalia o mercado automóvel angolano e mundial?
O mercado retomou em 2021, a ligeira recuperação que iniciara em 2019, após uma crise intensa desde 2014 com uma quebra acumulada de cerca de 95% de venda de viaturas. O ano de 2022 dependerá essencialmente de factores macroeconómicos nacionais, como a estabilidade cambial, a retoma económica do país e o sucesso no combate à inflação, mas também estamos fortemente condicionados pelos estrangulamentos nas cadeias de produção e logística de componentes essenciais para a indústria automóvel. Ao dia de hoje, temos vários modelos em ruptura de stock e com previsão de mais de seis meses de tempo de espera para entrega.
Face a esses constrangimentos apontados, que projecções se podem fazer para o ano que corre?
Dependendo da disponibilidade de stock, esperamos crescer mais de 10% em 2022.