O director técnico da Fertiangola, Armando Osório, defendeu esta semana, em Luanda, maior controlo na verificação da qualidade dos produtos agrícolas importados em Angola, durante a sua intervenção num dos painéis no fórum “IFC de promoção das exportações agrícolas angolanas”.
De acordo com Armando Osório, alguns dos produtos agrícolas vêm com certificações da China, “que valem o que valem”, e que por vezes não trazem o que está no rótulo, sugerindo, por isso, que deve haver um maior rigor neste quesito.
Osório realça que os laboratórios do Estado devem funcionar a fim de obrigar as empresas agrícolas que vendem insumos a serem licenciadas, a formarem os técnicos que trabalham nos campos, para que saibam fazer as pulverizações ou que, pelo menos, acompanhem minimamente este processo. “Os brasileiros chamam defensivos agrícolas e, está correcto, é defensivo porque é usado na dose certa para diminuir a população”, alertou.
Osório vai mais além ao afirmar que “são ofensivos” porque vivemos num país em que ainda se tratam as culturas com alguns produtos proibidos em todo mundo e, reforça, “as pessoas acabam por comer veneno todos os dias”.
“Nós temos até recorrido, no âmbito das fazendas do grupo, à algumas análises locais e às vezes aparece-nos um PH2,5. Se tivéssemos na verdade este valor de PH, não teríamos uma planta lá, e isso só demonstra que gastamos dinheiro em análises para obter um resultado que não serve para nada”, lamentou.
Para o director de compras da Novagrolider, Pedro Furtado, é importante, a nível da segurança alimentar, ter a ideia de que quanto melhor for as boas práticas agrícolas na utilização equilibrada entre os produtos químicos e biológicos, maior é a probabilidade de se ter uma agricultura mais sustentada, capaz de melhorar a qualidade e segurança alimentar face a saúde pública.
Segundo Furtado, os produtos importados têm necessariamente de ser certificados e autorizados pelas entidades públicas que às vezes recebem os pedidos de autorização e se prendem na avaliação dos documentos, esquecendo-se da testagem dos produtos “que é o essencial”.
O responsável da Novagrolider precisou ainda que os produtos que Angola exporta e ou prepara, deviam estar sujeitos à alguma análise, para se evitar levar para os outros países produtos com resíduos que não são aceites lá fora, porque nem sempre os produtores conseguem controlar tudo nos factores de produção, mas também, independentemente das zonas onde estejam, pode haver contaminação cruzada com outros produtores.
“Tudo isso implica que deve ter uma maior segurança, maior fiscalização e para isso devia haver um maior número e melhores laboratórios para poder tirar essas conclusões”, preveniu.
Sobre a substituição das importações pelas exportações em Angola, Furtado fez saber que Angola ainda não produz com a qualidade e quantidade suficiente para suprir algumas necessidades, apontando também a questão do preço, sendo que estes ultrapassam os limites aceitáveis para que a produção se torne viável. “A gente tem de encontrar soluções mais económicas, mas fundamentalmente para mim, tem a ver com a qualidade do produto e a quantidade que ela é capaz de dar respostas”, defendeu.
Na visão do técnico, para Angola chegar ao mesmo nível de qualidade e quantidade dos outros países, ainda falta muita coisa por ser feita, desde a formação, o apoio directo dos organismos públicos na fomentação dos grupos de agricultores de associações produtivas para que possam ter mais recursos e pessoas capazes de produzir com qualidade.