A moeda angolana, o kwanza, depreciou 3,1% na última semana, devido à quebra nos montantes de divisas disponibilizados ao mercado, rompendo um período de estabilidade aparente.
Segundo uma publicação do Banco Português de Investimento (BPI), a moeda angolana estava sob pressão, já há algum tempo, e a situação é visível em algumas movimentações no mercado paralelo, com o spread a alargar-se na troca de dólares, mas também de euros.
As entradas de divisas em Abril e Maio deste ano têm estado a cair com maior intensidade devido ao movimento de quebra do preço do petróleo, sendo este um outro factor de desequilíbrio no mercado, avança o BPI.
De acordo com o documento do banco português, existe ainda a expectativa de que a moeda angolana venha a estabilizar a um nível mais perto dos 540 dólar por kwanza, no fim do ano.
A publicação realça que a entrada de divisas no país tem sido menor, sobretudo devido à diminuição nas receitas de exportação, e destaca como referência o primeiro trimestre de 2023, em que as exportações de bens terão somado 8,3 mil milhões de dólares, uma quebra de 11,1% face aos 9,4 mil milhões dólares no quarto trimestre de 2022.
Quanto às importações de bens, refere a instituição, a quebra no mesmo período terá sido de 10,7%, para 4,1mil milhões dólares, o que não apontaria para o actual desequilíbrio. Apesar disto, a publicação do BPI menciona a queda na venda de divisas à economia privada, num montante maior pela diminuição de provisão de divisas por parte do Tesouro, que geralmente providencia mais de 25% da moeda estrangeira ao mercado.
Indica igualmente, que a situação não descarta alguma volatilidade durante o ajuste do mercado, pelo facto de que poucos vendedores concentram a maior parte da provisão de divisas e pela ausência de instrumentos como forwards ou investidores especulativos, que permitiriam ancorar as expectativas futuras para o valor do Kwanza, a curto e médio prazo.
*Adnardo Barros