O rapper moçambicano, Azagaia, seu nome artístico e pelo qual era mais conhecido, faleceu nesta Quinta-feira, 09, em Maputo, capital do país, aos 38 anos de idade, sem que se saiba ao certo as reais causas da morte.
Entretanto, uma fonte familiar contactada pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, revelou que o músico, de nome oficial Edson da Luz, terá sido vítima de um ataque epilético. “O Azagaia sofria de epilepsia e tinha crises constantes. Desta vez teve a crise enquanto descansava, no seu quarto. Neste momento é tudo o que podemos avançar, enquanto aguardamos pelo resultado da autópsia a que, certamente, será submetido”, contou a fonte.
Esta revelação feita à FORBES, contraria informações postas a circular, indicando que o também activista social, considerado pelos moçambicanos “repper do povo”, terá caído do telhado da sua residência, enquanto realizava trabalhos domésticos.
Edson da Luz ‘Azagaia’ ficou célebre pela crítica aberta à governação do país, de tal forma que em 2008 chegou a ser questionado pela Procuradoria-Geral da República.
Reacções a morte do astro da música lusófona de intervenção
Em declarações à agência Lusa, a ministra da Cultura e Turismo de Moçambique disse ter ficado chocada com a notícia da morte de Azagaia, que na sua opinião era um rapper único. “Estou extremamente chocada. Sem dúvida que a música e a cultura moçambicana estão de luto. O mundo perdeu um rapper único”, considerou Eldevina Materula.
Fora de Moçambique são também várias as reacções ao passamento físico de Edson da Luz. O músico angolano Fly Squad também lamenta o sucedido. “Perdemos um dos maiores rappers do mundo a rimar em português”, escreveu Fly, Squad, numa publicação que já conta com mais de 7 mil interacções.
“Descansa em Paz, meu Mano Azagaia. Estamos juntos, Moçambique. A lenda nunca morre”, escreveu numa das suas redes sociais, Big Nelo, outro repper angolano.
Ainda de Angola, Kid Mc também usou as redes sociais para lamentar a morte de Azagaia, “O que é isso mano Azagaia? Que golpe! Inspiraste-me o suficiente para não te pedir mais do que quisesses dar, mas não era suposto ter de me conformar com a ideia de já não poder ouvir uma boa nova vinda da tua caneta. Para mim não morreste, apenas saíste do mundo físico porque o legado que construíste e as valiosas letras que escreveste serão responsáveis por te manter vivo”, enfatizou o músico.
De Portugal, o rapper Valete escreveu na sua conta que a lusofonia perdeu um dos maiores rappers da língua portuguesa. “Um dos seres humanos que mais admirei em toda a minha vida, um verdadeiro patriota, amou África e Moçambique como poucos. O irmão que nunca tive. A milhares de quilómetros de distância faremos uma homenagem eterna a um dos homens mais importantes da história do rap lusófono”, declarou Valete.
O grito do lamento vem também do Brasil, onde o rapper Gabriel Pensador mostrou a dor da perda do seu colega. “Nosso irmão Azagaia, ícone do rap lusófono, deixou-nos muito cedo, aos 38 anos, em sua casa em Moçambique. Grande perda para a nossa música e cultura hip hop. Seu legado é eterno, mano, descanse em paz. Obrigado por tudo”, escreveu Gabriel Pensador.
Azagaia notabilizou-se na música com um estilo de intervenção social e política. Das músicas consideradas polémicas, destacam-se “As Mentiras da Verdade” e “A Marcha”, esta última que bateu recordes de vendas.
Azagaia nasceu a 6 de Maio de 1984 em Namaacha, Moçambique. Era conhecido pela sua música de intervenção social. O público aplaudia-o pela “coragem” de cantar temas denunciando “as verdades, apesar da perseguição de que era alvo por parte do poder político”.