O ensino geral em Angola está “deficientemente acompanhado”, situação que tem refectido na qualidade do ensino superior no país, avançou à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA o vice-reitor para a investigação e extensão universitária da Universidade Católica de Angola, Jerónimo Kainga.
“Tem havido uma falta de acompanhamento geral da educação no país. Temos muitas instituições superiores privadas e também públicas, mas a qualidade adquirida e ministrada nessas instituições é, de facto, qualidade inferior, não corresponde àquilo que deveria ser o ensino superior”, lamentou.
Para o vice-reitor para a investigação e extensão universitária da Universidade Católica de Angola, há um conjunto de passos de bases que não estão a ser dados no ensino geral.
Em relação à produção da investigação científica, considera que alguma coisa tem sido feita, mas aponta que ainda não se verifica os resultados da investigação que tem sido desenvolvida a nível do ensino superior.
Segundo o responsável, que falava esta Sexta-feira, em Luanda, no final da 1ª edição da “Conferência Nacional sobre Progressos do Ensino Superior em África”, fala-se muito e talvez se está a investir bastante sobre isso, porém acrescenta que há mecanismos que não estão a ser acompanhados.
“Nós temos ouvido falar de medalhas de ouro e prata ganhas por cientistas angolanos no exterior em vários sectores. Ora, em qualquer país, um cientista que ganha medalha de ouro a nível da Europa, é porque este continente reconhece que tem esta qualidade. Mas onde ficam depois quando chegam aqui em Angola? Onde estão os seus trabalho?”, questionou.
Jerónimo Kainga refere que há uma espécie de política que abafa a produção científica que se vai verificando, a pouca que existe, mas que não encontra apoio da parte da política, que só quer apresentar resultados “comprados e não produzidos”.
Questionado sobre os resultados produzidos pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, o vice-reitor o CEIC explicou que tem se apresentado como o pivô, no sentido de trazer ao país aquilo que são os lugares sensíveis do desenvolvimento, sobretudo a nível económico.
“O trabalho do pelo Centro de Estudos e Investigação Científica é, fundamentalmente, o estudo socioeconómico de Angola e apresentar os lugares fracos e fortes da nossa económica e onde passa, muitas vezes, a própria pobreza que atinge, neste momento, toda a sociedade”, justificou.
No entanto, o director nacional de ciência, tecnologia e inovação, do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), António Alcochete, admitiu que o país apresenta índices bastante baixos no que diz respeito à qualidade do ensino superior.
“Estamos a desenvolver iniciativas para melhorar essa performance. Trata-se de iniciativas que passam pela formação de pessoas, nomeadamente professores e investigadores. Passa por financiar mais a ciência, pela criação da rede de revistas científicas angolanas, que vai ser lançada daqui a pouco, bem como pela criação do repositório científico, a ser lançado publicamente no dia 12 de Junho”, anunciou.