As contas de balanço da distribuidora petrolífera cabo-verdiana Enacol referente ao exercício financeiro do ano passado sofreu uma queda abrupta nos resultados líquidos de 128% para 2,5 milhões de dólares, pressionada pela pandemia da Covid-19 que ‘deixou cair’ as vendas do produto nos mais variados sectores, de acordo com o relatório e contas da companhia.
Na prática, a Enacol registou um resultado líquido negativo do exercício superior a 2,5 milhões de dólares, correspondentes a 242,6 milhões de escudos, uma variação negativa de 128% face aos lucros recolhidos em igual período de 2019, contabilizados em 8,8 milhões de dólares.
Participada pela portuguesa Galp, com uma posição no capital de 48,29%, a Enacol assistiu em 2020 a uma redução de 49% no volume de negócios, isto é, face a 2019, para 94,9 milhões de dólares, correspondentes a 9.198 milhões, na moeda do país, o escudo.
Do seu balanço patrimonial, está evidente uma redução no activo de 29%, para 52,8 milhões de dólares, num período em que o passivo deslizou 32% para 15,7 milhões de dólares, equivalentes a 1.534 milhões de escudos.
“Economicamente, por sermos particularmente atingidos por esta pandemia, este foi um ano que ficará registado na história da Enacol por uma redução da nossa actividade, que não foi imune à acentuada contracção económica global, conduzida por uma queda generalizada de vendas que se fez sentir especialmente nos segmentos da aviação e das bancas marítimas”, lê-se na mensagem do presidente do conselho de administração, Jorge José Borges Carvalho, que consta do documento.
Segundo as contas da Enacol, em 2020, a entidade importou 157.118 toneladas de produtos petrolíferos, menos 40,5% relativamente ao período homólogo. “Em relação aos custos de importação, nota-se o efeito da forte queda na cotação internacional dos produtos petrolíferos, que pode ser observada pela redução do valor das importações de 47,1% em 2020 face ao homólogo, variação essa mais significativa em valor do que a variação em quantidades, que foi de 40,5%”, lê-se no relatório e contas da empresa.
Para além da Galp, a Enacol é ainda detida em 38,99% pela sucursal cabo-verdiana da Sonangol. Aliás, ambas as petrolíferas integram a estrutura accionista daquela companhia desde 1996.
Os restantes pequenos accionistas totalizam 12,72% do capital social, nomeadamente após a venda, em 2019, da participação de 2,1% detida pelo Estado cabo-verdiano.
A Enacol fechou 2020 com 211 trabalhadores e o segmento de negócio mais afectado pela crise foi o fornecimento de combustível à aviação, que caiu 61%, face à suspensão total de voos comerciais por cabo Verde, a partir de Março do ano passado.
Apesar do desempenho de 2020, o presidente do conselho de administração da Enacol destacou alguns indicadores positivos para a recuperação da actividade da empresa.
“Apesar dos constrangimentos sentidos no primeiro semestre, é de assinalar que estamos num período de recuperação tendo sido possível vislumbrar nos últimos meses do ano uma retoma gradual da procura dos nossos clientes externos. Estamos por isso convictos que saberemos continuar a ser resilientes no sentido de ultrapassarmos as adversidades e continuaremos a apostar em 2021 na cultura de contenção de custos, na racionalização de meios e na optimização de sinergias e recursos”, refere Jorge José Borges Carvalho na mensagem.