O cenário pandémico não foi de todo mal para algumas empresas em Cabo Verde, como é o caso da estatal Emprofac – responsável pela importação e distribuição de medicamentos, que em 2020 viu as suas vendas dispararem em 26,6%, para um máximo histórico de quase 2.540 milhões de escudos (22,9 milhões de euros).
Segundo o relatório e contas da empresa referente a 2020, com o pico da pandemia, as vendas chegaram em níveis nunca antes registados. “2020 seguiu o ritmo de crescimento nas vendas de anos anteriores, 10% em 2017, 14% em 2018 e 7,2% em 2019”, lê-se no documento.
O documento destaca que “a prioridade [em 2020] foi assegurar o abastecimento do país, essencialmente de produtos para fazer face à Covid-19, num período adverso e pleno de limitações logísticas”.
Só em máscaras de protecção (cirúrgicas, FFP2 e comunitárias), as compras da Emprofac, incluindo de importação, ascenderam a 271.252.653 escudos (2,4 milhões de euros) no ano passado.
“Porém, esse cenário viu-se um pouco alterado em 2020, tendo o sector público ganho muita expressão, traduzindo num aumento de 70% comparativamente ao ano anterior, equivalente a 395.153.480 escudos (3,5 milhões de euros) em valores absolutos. Daí que o peso das vendas ao sector público atingiu 37% e do sector privado 63%”, indica a Lusa, baseando-se no relatório e contas da empresa .
Já as vendas a farmácias aumentaram 5% face ao ano anterior, com a Emprofac a garantir o fornecimento de medicamentos e produtos não médicos, como equipamentos de proteção individual para a Covid-19, às 37 farmácias de Cabo Verde.
Historicamente, o sector privado é o que tem mais peso nas vendas da Emprofac, representando cerca de 70% do global, cabendo ao sector público, através das vendas aos hospitais, os restantes 30%.
Resultados líquidos não acompanharam tendência de crescimento
Apesar do aumento das vendas em cerca de 27%, os resultados líquidos não acompanharam a mesma tendência. Esta situação encontra explicação no aumento considerável dos gastos do exercício, sobretudo as despesas com mercadorias vendidas, as perdas por ajustamentos de inventários e os outros gastos, avança o relatório.
A empresa reconhece que após aumentos nos lucros nos últimos exercícios, 2020 ficou marcado por um decréscimo, de 32,1% face a 2019, para 136,9 milhões de escudos (1,2 milhão de euros).
Fundada em 1979, a Emprofac é constituituída 100% por capitais públicos, e está em vias de privatização. A empresa detém o monopólio na importação e distribuição de medicamentos, assegurando ainda em regime de concorrência a venda de reagentes, material de laboratório e dispositivos médicos, suplementos alimentares ou produtos cosméticos, entre outros.