As empresas mineiras da República de Moçambique viram os seus níveis de transparências operacionais caírem em 26 pontos, num total de 100, devido à queda na partilha de informação sobre os seus projectos. A conclusão é da organização não-governamental (ONG) Centro de Integridade Pública (CIP), que aponta a componente ambiental como a de maior queda.
Os dados derivam do que a organização designa por Índice de Transparência do Sector Extrativo (ITSE) e é baseado numa classificação atribuída a empresas moçambicanas e estrangeiras do sector mineiro e petrolífero, que visa, com base em critérios internacionais de análise, avaliar os níveis de transparência no que diz respeito à partilha de informação útil sobre os seus investimentos.
“O nível de transparência no sector reduziu em 26 pontos de um total de 100”, refere a 2.ª edição do relatório ITSE, apresentado esta Quinta-feira, 25, pelo CIP, documento que analisou os níveis de transparência de 22 empresas do sector que atuam no país.
Lançada pelo CIP em 2020, avaliou as empresas com base em quatro indicadores, nomeadamente a componente fiscal, social, ambiental e governação corporativa.
Na avaliação individual por empresas, a Kenmare Resources, que explora areias pesadas no Norte do país, foi apontada, uma vez mais, como a empresa mais transparente do sector extractivo em Moçambique, com 79 pontos.
“No cômputo geral, contribuiu para esta posição o facto de a Kenmare Resources ser a única empresa da lista com um ‘website’ do projecto em curso em Moçambique, onde é disponibilizada informação significativa do projeto”, refere o relatório.
Já a Vale, empresa que explora carvão no centro do país, ficou no segundo lugar, com 69 pontos, e a Sasol, que explora gás natural no sul, ficou com a terceira posição, com 55 pontos.
De acordo com a ONG, os grandes intervenientes dos projectos do gás da bacia do Rovuma, onde se esperam enormes receitas que possam acelerar o desenvolvimento de Moçambique, não constaram das posições cimeiras do índice.
“A empresa Total, que na edição anterior ocupou a terceira posição, foi uma das empresas que apresentou uma queda considerável, ocupando nesta edição a nona posição”, refere o relatório do CIP.