As empresas cabo-verdianas e demais agentes económicos do país já absorveram, de Janeiro a Agosto deste ano, quase a totalidade das ajudas financeiras colocadas pelo Governo para mitigar as dificuldades das mesmas em tempo de pandemia, indica o relatório de política monetária do Banco de Cabo Verde (BCV).
Ao todo, já foram disponibilizados, no período em referência, um total de 5,4 milhões de dólares, correspondentes aos expressivos 94% do total do ‘bolo’ financeiro que o Governo de Cabo Verde colocou à disposição das empresas, por via da banca local.
Lançado em 2020, o programa visa dar suporte à tesouraria das várias empresas do arquipélago que, durante esta época de pandemia, estejam a atravessar dificuldades diversas.
O relatório do BCV revela ainda que, de Abril de 2020 a Agosto de 2021, já foi concedido e utilizado um montante total de 32,9 milhões de dólares. Na moeda local, o escudo, este valor ascende a pouco mais de três mil milhões, libertados no âmbito das ‘linhas de crédito Covid-19’, com garantia do Estado.
Do valor total de 3,1 mil milhões de escudos já desembolsados, 521,7 milhões – que correspondem em dólar aos 5,4 milhões – , foram “concedidos e utilizado de Janeiro a Agosto deste ano”, o que compara com os 2.598 milhões de escudos concedidos de Abril a Dezembro do ano passado, com mais de 350 contratos de financiamento ao abrigo destas linhas, destinadas essencialmente a suportar custos das empresas com salários, rendas de instalações e pagamento de faturas, e fornecimentos de serviços a terceiros.
Segundo o BCV, todas estas linhas de crédito beneficiam da garantia do Estado e a taxa de juro não deve ultrapassar os 3%, com um período de carência de seis meses.
No final de Março de 2020, com as primeiras consequências económicas da pandemia da Covid-19, nomeadamente a suspensão do turismo, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou um conjunto de medidas para apoiar as empresas e aumentar a sua liquidez, nomeadamente a criação de quatro linhas de crédito e autorizadas garantias do Estado.
Citado pela Lusa, Ulisses Correia e Silva garantiu que “se asseguram as linhas de crédito suportadas pelo sistema bancário, no valor global até quatro milhões de contos, com garantias do Estado, que podem chegar aos 100% do financiamento, com carência de capital e de juros até seis meses e amortização em quatro a cinco anos”.
Na prática, a primeira linha de financiamento, no valor de mil milhões de escudos, destina-se às grandes empresas em todas as áreas de actividade, com garantia do Estado de até 50%.
Já a segunda linha de financiamento, no mesmo valor, destina-se a empresas nos sectores do turismo, restauração, organização de eventos e setores conexos, agências de viagens, transportes, animação e similares, com garantia até 80%.
De acordo com a estratégia do Governo, para as pequenas e médias empresas, foi lançada uma terceira linha de financiamento, igualmente de mil milhões de escudos, em todos os sectores de actividade e com garantia do Estado até 100%.
O apoio do Governo não ficou por aí. Foi criada uma quarta linha de financiamento, de 300 milhões de escudos. Desta vez, para microempresas, em todos os sectores, com garantia até 100%, totalizando 3.300 milhões de escudos, com praticamente 95% já atribuídos, até Agosto último.
O relatório mostra também que foram ainda alocados 700 milhões de escudos para a linha de garantias para as micro, pequenas e médias empresas, destinada a suportar operações de compras públicas.
Lusa