As empresas do sector de petróleo e gás a operarem em Angola pagaram pela prestação de serviços, no ano passado, cerca de 9,4 mil milhões de dólares, sendo que deste valor, apenas 400 milhões de dólares (4,2%) ficaram no país, segundo revelações feitas nesta Quarta-feira pelo CEO da PETRANGOLA, Patrício Quingongo.
Falando durante o Fórum Luanda Oil & Gas and Renewable Energy – Conferência e Exposição, que arrancou hoje na capital angolana e que decorrerá até Sexta-feira, 29, numa promoção da empresa que dirige, o gestor referiu que tem se feito “um grande esforço” para que as empresas angolanas tenham maior participação na prestação de serviços ao sector do petróleo e gás, de modo a se reter os milhões que saem do país na economia nacional.
“Até Dezembro de 2020, tivemos uma média de dinheiro disponibilizado [pelos operadores] para prestação de serviço na ordem dos 9,4 mil milhões de dólares, mas apenas 400 milhões deste valor ficaram cá no país (…). Precisamos inverter este quadro para que o valor exportado seja reduzido”, defendeu Quingongo.
Durante a sua intervenção, o responsável da PETROANGOLA falou também sobre o preço do crude, tendo justificado que a alta que se verifica actualmente está a ser influenciada pela pandemia da Covid-19, os cortes na produção acordados a nível dos países-membros da OPEP + e pela abertura dos mercados internacionais que, de certa forma, tem estimulado o aumento da procura pelo petróleo.
Peso do petróleo na economia vai manter
Entretanto, noutra vertente e de acordo com analistas do sector que participam do evento, o mercado petrolífero continuará “por muitos e longos anos” a ter um peso determinante na economia angolana e no desenvolvimento de diversos segmentos de negócios do país.
Nesta perspectiva, defendem a necessidade de se prestar maior atenção á introdução do conteúdo local na indústria e ao objectivo de tornar as empresas angolanas capazes de prestarem um melhor serviço ao sector. Só assim, consideram, as empresas nacionais estarão preparadas para darem resposta aos desafios da exigente indústria do petróleo e gás que, até ao momento, têm sido assumidos por prestadoras de serviços estrangeiras.
Em entrevista à FORBES, o economista e empresário Lago de Carvalho, afirmou que, neste sentido, Angola tem tentado seguir as melhores práticas internacionais, mas que, no entanto, os resultados até ao momento não se afiguram satisfatórios.
“A nível da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e para o sector petrolífero, o Brasil seria o principal exemplo para Angola, mas infelizmente estiveram aqui e não se deram muito bem. Falo da Petrobras”, indicou o conhecido homem de negócios que actua no sector.
Arnaldo Lago de Carvalho sugere que o caminho para se inverter o quadro deve passar por uma “profunda” colaboração com empresas estrangeiras e procurar delas aquilo [Know-how] que pode capacitar os players locais deste segmento de negócio [prestação de serviços] “para torna-los melhores, com quadros muito bem capacitados e que tenham condições para os desafios do mercado”.
A decorrer no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda, o Fórum Luanda Oil & Gas and Renewable Energy – Conferência e Exposição, reúne mais de 50 oradores, acima de 80 expositores, cerca de 30 investidores, uma audiência virtual e presencial, congregando especialistas de Angola, Reino Unido, EUA, Brasil, Moçambique, Timor Leste e de outras regiões do mundo que são referências do sector de petróleo e gás.
Temas como “as licitações de petróleo que estão a ser feitas em Angola”, “possibilidades de investimentos de projectos ligados a exploração e produção de petróleo”, “distribuição e fornecimento de combustível em Angola e a transição energética”, serão abordados durante os três dias do certame.