O jovem empresário moçambicano, Afonso Khossa, defende, em entrevista à FORBES, ser necessário que os empreendedores africanos apostem mais na criação de micro-indústrias, por forma a se desenvolver o continente.
O CEO e fundador da High Mastery Academy, empresa de consultoria e treinamento empresarial, mostra-se preocupado com o facto de muitas das empresas criadas actualmente por jovens em África, principalmente em Moçambique, estarem maioritariamente ligadas à prestação de serviços e poucas, ou quase nenhuma, à micro- indústria.
“E necessário que os empreendedores africanos apostem na criação de micro ou pequenas indústrias, por formas a alavancar o continente”, disse, reforçando que a industrialização de África deve ser o foco dos jovens do continente.
Afonso Khossa, reconhece, no entanto, que a falta de incentivos que estimulem a criação de micro e pequenas indústrias, aliado ao “custo alto” de fazer um negócio em África, acabam por se constituir nos maiores constrangimentos neste sentido. “Em muitos países africanos, produzir tem que ter em conta impostos, financiamento, acesso ao equipamento, licença, entre outros. Por isso, não posso aqui comparar com as empresas do ocidente, porque essa comparação seria injusta e desleal”, refere.
Na sua abordagem, considera que, apesar de existirem alguns jovens empreendedores e com soluções inovadoras, o número ainda é reduzido, “se se tiver em conta que o continente é constituído maioritariamente por jovens”.
O também formador de líderes, argumenta que África tem jovens com habilidades que poderiam contribuir significativamente para o desenvolvimento do continente, mas pensam que empreender passa por ter a melhor infra-estrutura ou necessariamente um grande financiamento. Para o empreendedor, o capital humano, que diz ser o mais importante, o continente possui.
“No dia que os jovens entenderem o poder do capital humano, não vão ficar a estender a mão ao financiamento. O financiamento virá até eles. Quem nunca construiu nada não pode esperar nada”, advoga Afonso Khossa.
O empresário, que também é fundador da Impíricus Investimentos, empresa de micro–crédito que ajuda micro–empreendedores, funcionários públicos e privados, bem como vendedores informais a realizar os seus sonhos, justifica que, antes mesmo de conceder crédito para um determinado empreendedor, a sua sociedade procura saber mais sobre o que o requerente já construiu.
Quanto as dicas apara quem deseja empreender, Afonso Khossa adianta que os jovens que desejam enveredar para o mundo dos negócios devem ser ousados, pois, como avança, não existe um momento perfeito para começar a empreender. Acrescenta ser necessário também procurar ter-se networking e aconselha os empreendedores a apostarem na formação, bem com a aprenderem mais sobre gestão e técnicas de vendas.
“O mercado em África, e em Moçambique em particular, é marginal. Exige do empreendedor habilidades acima das que lê nos livros ou vê nos filmes”, alerta.