Omar e Mohammed são filhos do senhor Hazza. Fugiram à guerra. O primeiro, entrado nos “vintes”, ouvia a família dizer-lhe “sai daqui, não queres matar ninguém, não queres fazer parte desta guerra”. Abalaram da Síria à procura de protecção na Europa. Entraram a leste, encontraram abrigo a ocidente, no berço da nação, onde receberam um tecto, roupa e um pocket money.
Chegados em Novembro, anseiam pela possibilidade de verem os outros membros da família, retidos na Turquia desde Fevereiro, tornarem-se também parte dos 10 mil refugiados para os quais António Costa já anunciou haver espaço em Portugal. Não só o geográfico, óbvio, mas na sociedade e na economia. Três dimensões em que os refugiados podem trazer dinâmica.
O Fundo Monetário Internacional reconhece que haverá impacto para a economia da União Europeia, entrincheirada no Pacto de Estabilidade. Nada que o capítulo das despesas extraordinárias não possa acomodar, nota a instituição presidida pela francesa Christine Lagarde. Mas colocar o dinheiro como parte da equação da maior crise migratória desde a II Guerra Mundial é apenas uma forma “egoísta” de lidar com a questão, afirma Rui Marques, uma das pessoas ouvidas nesta reportagem, na qual fomos à procura dos Hazza.
Certo é que, no curto prazo, segundo o relatório do FMI, a despesa adicional vai ter um impacto ligeiro, mas positivo, na riqueza dos países. Argumento que explicamos aqui, embora ainda não seja suficiente para mudar mentalidades numa Europa onde muitos contestam esta vaga de refugiados.