Com uma fortuna estimada em 19,3 biliões de dólares em Janeiro deste ano, Eduardo Saverin é o brasileiro mais rico do mundo no começo de 2024, segundo o ranking da Forbes Internacional. Na sequência, aparecem Vicky Safra e família (18,7 biliões de dólares) e João Paulo Lemann e família (16,7 biliões de dólares).
Aos 41 anos, Saverin é um dos cinco co-fundadores do Facebook, juntamente com Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Chris Hughes e Andrew McCollum. O bilionário é casado desde 2015 com a indonésia Elaine Andriejanssen, com quem teve um filho. A família mora em Cingapura.
Nos últimos anos, Eduardo Saverin se tornou sócio da B Capital Group, que investe em start-ups. Ele define a empresa, com sede em Cingapura, como “uma plataforma que conecta empreendedores que buscam recursos para escalar os seus negócios”.
Eduardo Saverin nasceu na cidade de São Paulo em 18 de Março de 1983. Quando tinha 11 anos, os pais, Roberto e a psicóloga Paula Saverin, resolveram sair do país. Assim, Saverin foi com sua irmã, dois anos mais nova, e o irmão primogénito, juntamente com os pais, viver em Miami, nos Estados Unidos da América.
A família de Saverin contava com boa situação financeira. O avô, Eugênio Saverin, um judeu romeno refugiado no Brasil, fundou a fábrica de peças infantis Tip Top. Ele trouxe ao mercado os primeiros modelos de macacão para crianças.
Assim que se formou em Miami no antigo Ensino Médio, como era então conhecido no Brasil, Saverin ingressou na Universidade de Harvard e concluiu o curso de Economia em 2006. Além disso, fez pós-graduação e MBA na renomada instituição.
Um facto dessa época que chama atenção é que Saverin teria aproveitado algumas brechas em regulamentos sobre insider trading no Brasil. Por consequência, chegou a lucrar 300 mil dólares por meio de investimentos no sector petrolífero.
Eduardo ganhou mais do que dinheiro com a estratégia aplicada. Recebeu a “honraria magna cum laude” quando se formou. Trata-se de um título concedido para ressaltar o nível de distinção acadêmica em que chegou como aluno. Essa distinção, então, teria chamado a atenção do colega Mark Zuckerberg, que logo pensou em Eduardo Saverin para ser sócio do então projecto Thefacebook. A criação do Facebook ocorreu no ano de 2004. Inicialmente, Saverin, Zuckerberg, McCollum, Moskovitz e Hughes lançaram a rede social Thefacebook. O objectivo era facilitar a comunicação interna e interação dos alunos de Harvard.
A plataforma juntava os rostos de várias alunas da universidade para que se avaliasse a beleza delas. Mesmo recebendo críticas, o crescimento foi rápido. Em 2006, o Facebook foi aberto para quem quisesse entrar, desde que a pessoa fosse maior de 13 anos.
Saverin tirou do seu bolso o dinheiro necessário para a ampliação do Facebook, um valor de aproximadamente mil dólares. Assim, ficou como director financeiro e com 30% do capital da empresa. Zuckerberg era o responsável pela programação da plataforma e ficou com 70%. O primeiro endereço comercial do Facebook foi a casa dos pais de Eduardo Saverin, em Miami.
O sucesso da página não foi suficiente para deixar saudável a relação dos sócios. Na verdade, ela nunca havia sido realmente boa. Nessa época, Saverin entrou na justiça para ser reconhecido como um dos fundadores do Facebook.
A disputa entre Saverin e Zuckerberg na justiça ocorreu em 2005. O conflito era por conta da direcção e propriedade da empresa criada por eles. Saverin foi expulso do Facebook, mas manteve parte das suas acções. O desgaste aumentou ainda mais quando Zuckerberg reduziu a participação accionária de Saverin. Em uma jogada societária, Zuckerberg formou uma empresa para incorporar o Facebook.
Assim, o nome de Saverin não aparecia mais como fundador e a sua parte na empresa havia sido reduzida. O empresário brasileiro não deixou barato e revidou, bloqueando as contas bancárias da empresa.
Em uma mensagem que se tornou pública à época, Zuckerberg fez duras críticas a Eduardo Saverin. Em e-mail enviado ao também sócio Dustin Moskowitz em 2004, Mark já teria mostrado interesse em remover Saverin da empresa, após o brasileiro ter colocado anúncios por conta própria no Facebook de uma start-up em que estava a trabalhar.
“Ele deveria criar a empresa, obter financiamento e fazer um modelo de negócio. Ele falhou em todos os três… Agora que eu não vou voltar para Harvard, eu não preciso me preocupar em ser espancado por bandidos brasileiros”, teria escrito Zuckerberg na mensagem.
Por fim, Saverin conseguiu na Justiça um acordo com um antigo sócio que lhe garantiu uma participação minoritária na empresa e o direito de ter seu nome constando novamente entre os fundadores.
Os termos do acordo feito entre Zuckerberg e Saverin nunca foram divulgados. Mas, algum tempo depois, Saverin entrou num selecto clube de bilionários e nunca mais saiu. Estima-se que o brasileiro tenha por volta de 5% das acções do Facebook.
Saverin usou o valor que recebeu para diversificar os seus investimentos. O brasileiro, então, se viu em meio a uma grande polêmica: ao se mudar para Cingapura, anunciou a renúncia à cidadania norte-americana. O brasileiro teria escolhido o país asiático por ser um “óptimo lugar para quem é da área de tecnologia. E está a apenas cinco horas de avião de grande parte da população mundial”. Entretanto, a mudança seria para evitar o pagamento de impostos ao fisco, que chegava a 15% sobre o ganho de capital. Isso, porém, foi desmentido por ele.
Saverin, em 2016, criou a empresa B Capital Group, ao lado do sócio Raj Ganguly. O investimento valeu a pena. O fundo, que priorizava as start-ups inovadoras, fez com que a fortuna de Saverin crescesse. A B Capital Group tinha foco nos negócios que já estavam em andamento e com facturação estimada em centenas de milhões de dólares.
De acordo com a Forbes Brasil, a fortuna dos 43 bilionários brasileiros pertencentes à lista em tempo real da Forbes cresceu 20,6% em 2023, passando de 140,2 biliões de dólares, em 3 de Janeiro do ano em curso, para 176,7 biliões de dólares, em 18 de Dezembro.
A fortuna de Saverin foi impulsionada pelo forte crescimento das acções da Meta, dona do Facebook, que se valorizaram em 176% no mesmo período, após passar por dois anos difíceis.