A solução dos problemas do imobiliário não passam somente pela redução do valor da renda das habitações, mas sim pela criação de políticas que facilitem qualquer cidadão adquirir uma residência, legalizá-la e até obter uma licença de obra, defende Josemar David, CEO da DynamicStar, empresa de consultoria e gestão do sector.
Sobre a recente decisão do Executivo de baixar o preço das rendas mensais das habitações nas centralidades do país, o empresário considera que a medida ainda não é suficiente para atender a elevada necessidade de habitação que se assiste no país. Para o gestor, mesmo com essa iniciativa do Governo, o sector privado acaba por ganhar, uma vez que, refere, as centralidades ainda não cobrem sequer 5% da procura por habitação condigna.
“A grande mudança deve recair no processo de legalização de terras, que depende do Executivo, bem como aos bancos comerciais, que devem procurar criar linhas de crédito para facilitar aos cidadãos ávidos por construir”, sugere.
Josemar David refere, por outro lado, que as casas na maioria das centralidades seguem um padrão de construção vertical, o que não vai muito de encontro à realidade socio-cultural de boa parte dos cidadãos autóctones, “que não gostam de viver em prédios”.
Adianta ainda que existe no mercado uma procura muito grande de casas com qualidade que não se encontram em muitas centralidades construídas pelo Governo.
Josemar David afasta a ideia de que as novas urbanizações representam uma ameaça ao negócio dos players privados do sector imobiliário. “Angola tem mais de 33 milhões de habitantes e nem a metade tem casa com condições primárias. Então, não acho que a intervenção do Estado como player seja uma ameaça para o sector privado”, diz.
Sobre a legalização de terras no país, afirma ser um processo demorado, podendo levar mais de quatro anos para a concretização, e com uma indefinição sobre quem tem de facto legitimidade para o fazer, se são as administrações municipais ou os governos provinciais, o que leva muitos cidadãos a desistirem.
Apesar desta situação, garante que o sector imobiliário é seguro para se investir, sobretudo no que tem que ver com os espaços comerciais. “Nesta fase que temos uma economia com uma taxa de inflação muito alta, a melhor escolha para se investir é o imobiliário, pois tem tendência de não desvalorizar já no próximo ano”, assegura.
O CEO da DynamicStar caracteriza como “relativamente boa” a actual situação do sector imobiliário”, para queles que têm dinheiro para comprar imóveis ou arrenda-los, embora que, tal como nos demais sectores, tem registado quedas na facturação e novos investimentos no sector, causadas pela fraca procura, influenciada também pela baixa “considerável” da capacidade de compra dos angolanos.
DynamicStar é uma empresa de consultoria empresarial e prestação de serviços no sector imobiliário, desde a elaboração de projectos de construção civil, intermediação para arrendar ou compra de moradia até à reparação e manutenção de imóveis. A empresa foi fundada em 2010, mas é a partir de 2011 que é reconhecida como sociedade comercial.