O dólar dos Estados Unidos da América (USD) voltou a ser a única moeda estrangeira convertível vendida nos leilões de preços do Banco Nacional de Angola (BNA), após ter sido afastado, por quase cinco anos, dos leilões de divisas, devido à crise do sector petrolífero e à retirada, em massa, dos correspondentes bancários para aquela moeda ,por orientação do Tesouro norte-americano.
Dados do banco central que constam do mapa consolidado de venda de divisas da instituição até Junho, apurados pela FORBES, não anexam explicações sobre a recolocação do dólar, de forma exclusiva, nos mercados, mas sabe-se de fonte da administração do BNA que o país tem resgatado, há já algum tempo, parte dos correspondentes bancários, responsáveis pelo fornecimento de dólar, que deixaram de trabalhar com bancos locais há vários anos.
É preciso recuar até 2015 para se encontrar o registo da última vez que o banco central vendeu apenas dólares ao mercado bancário, precisamente no início do que viria a ser designada, mais tarde, “crise cambial”, já que não era frequente ver o dólar no ‘radar’ das operações cambiais formais e até mesmo nalgumas operações do mercado informal.
Até Junho deste ano, o banco central colocou ao mercado um montante de 610,1 milhões de dólares, precisamente 610.043.439,54 de dólares, para ‘alimentar’ o mercado cambial, valor substancialmente abaixo daquele que foi o último plafond total disponibilizado nos primeiros seis meses de 2015, pouco mais de nove mil milhões de dólares.
Ou seja, no regresso do dólar aos leilões de preço do banco central, o mercado só recebeu 6,4% daquilo que foi despachado em igual período de 2015, quando o supervisor colocou exactamente 9.461.179.002,07 de dólares.
A moeda norte-americana foi ‘irradiada’ do mercado bancário nas operações de câmbio por várias razões. A principal, já avançada, é a crise do sector petrolífero, que, devido aos excessos de produção, fez cair os preços das commodities e , com isso, baixar as receitas com a importação e impostos resultantes das explorações.
Por outro lado – a outra razão que para alguns é a mais pesada – foi a retirada, até 2016, dos correspondentes bancários em dólares para o sistema financeiro angolano por determinação do supervisor bancário norte-americano. O também designado Tesouro dos EUA decidiu que os bancos parassem de vender cédulas de dólaraes a Luanda devido ao alegado caso de se ter encontrado neste mercado séries daquela moeda vednida para Angola nas mãos de supustos terroristas. Isso valeu a Angola a entrada na ‘lista cinzenta’ de países sem acesso à moeda norte-americana.
Aliás, o alemão Deutsche Bank foi a última instituição bancária a deixar Angola, cessando o vínculo que tinha como correspondente bancário da moeda norte-americana entre o dia 16 e antes do final de Novembro desse ano [2016], numa retirada ao país sem a possibilidade de realização de transferências em dólares. Antes, o Bank Of América e demais gabinetes de correspondência de bancos estrangeiros, que, por razões várias, haviam já cortado a relação com Luanda.
Depois disso, só se viam operações feitas na moeda europeia, o euro, com vendas que vieram a durar até Novembro de 2020. Já em Junho de 2017, o terceiro ano da ‘crise do dólar’ no país, o BNA já tinha fechado os primeiros seis meses desse ano com uma colocação de 6,8 mil milhões de euros no mercado cambial por via dos leilões, sem ter feito nenhuma sessão em moeda norte-americana.