O Banco Português de Investimento (BPI) assumiu que tem no terreno o processo de venda do Banco de Fomento de Angola (BFA), no qual detém uma participação de 48,1%. De acordo com o Jornal Económico (JE), detido pela Media9 e onde se inclui a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o BPI mandatou a consultora financeira internacional Exotix, especializada em operações de fusões e aquisições em mercados emergentes, para vender a participação no BFA.
Numa entrevista ao Jornal Económico, que será publicada esta semana, o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, confirmou que o processo de venda está em curso, mas não adiantou detalhes.
Mas fontes citadas pelo JE, confirmam que já há duas propostas em cima da mesa, sendo que os interessados são grupos angolanos. As mesmas fontes detalham que se trata de um grupo industrial e de um grupo financeiro angolano onde há investidores com capital europeu, nomeadamente de Londres.
Nesta fase, não foi possível saber o nome dos dois investidores que já assinaram o NDA (Acordo de Confidencialidade), mas segundo fontes do mercado já estão a decorrer as due diligences relativas a esta operação.
Depois de concluídas as due diligences, que estarão já na fase final, a Exotix espera receber as propostas vinculativas no próximo mês. O objetivo do CaixaBank, principal accionista do BPI, é fechar a venda desta participação no BFA até ao final de Julho.
O Jornal Económico salienta que o Governo português tem sido informado dos desenvolvimentos desta operação, assim como, o Banco Nacional de Angola.
Desde 2017 que o Banco BPI está a tentar vender a participação que tem no banco angolano, sendo que já foram desencadeados vários processos que acabaram por não concretizar o negócio.
Na última apresentação de resultados, o CEO do BPI disse que “recentemente, o Estado Angolano anunciou a privatização de um conjunto vasto de empresas onde se encontrava os 51,9% do BFA, que estão nas mãos da Unitel [que era liderada por Isabel dos Santos e agora pertence ao Estado angolano], por isso, estamos atentos a todas as oportunidades”.
João Pedro Oliveira e Costa assumiu na altura estar em contacto com as autoridades angolanas, mas também com os supervisores.
O BPI tem de vender os 48,1% do BFA antes da venda em bolsa de parte das ações da Unitel, para evitar voltar a ser o maior acionista. O Banco Central Europeu recomenda que o BPI não consolide integralmente bancos angolanos. Se o banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa voltar a ser o maior acionista corre o risco de ter de consolidar integralmente o BFA, razão pela qual está empenhado em fechar este negócio.
Tendo em conta a expectativa de venda, o BPI já mudou a forma de integração das contas no BFA, e não reconhece os resultados trimestrais, contabiliza apenas quando os dividendos são entregues, o que não aconteceu até março, razão pela qual o banco português só contabilizou um milhão de euros do BFA nas contas trimestrais.
Quem comprar a posição do BPI no BFA, fica a um passo do controle do banco, bastando para isso comprar ações em bolsa quando a Oferta Pública Inicial se concretizar. Está previsto uma dispersão de cerca de 15% do BFA por parte da Unitel, no atual contexto de privatizações que o Governo de João Lourenço está a levar a cabo.