O Documentário “Daniel e Daniela- Histórias à Minha Filha”, de Sofia Pinto Coelho, jornalista e a realizadora portuguesa, estreou recentemente em Bissau, nação em que Daniel Nunes, ex-funcionário agrónomo e principal protagonista do enredo, passou parte da sua vida e gerou a sua primogénita, Daniela.
Numa tarde chuvosa, amantes da cultura e genuínos espectadores dirigiram-se ao auditório do Coimbra Hotel, para acompanharem, pela primeira vez, a exibição do documentário. No final, entre os presentes, discutia-se sobre o colonialismo e o que de bom a conquista da independência trouxe para Guiné-Bissau. O foco dos debates esteve numa frase em que Daniel afirma que “não há bom colonialismo”.
O documentário conta a história de Daniel Nunes, um dos maiores colecionadores de livros sobre África lusófona, em Portugal, que leva a filha de 12 anos de viagem a Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe e à Guiné-Bissau.
Daniel, de 83 anos de idade, encontrou nestas viagens uma forma de transmitir o conhecimento à filha sobre experiências passadas nestes países e, de certa forma aflorar o pensamento crítico da pré-adolescente, até então com vivência em Portugal. Uma viagem que se revela de muita cumplicidade, abertura e afecto entre pai e filha, onde abordam os temas do colonialismo, racismo, herança colonial, e perspetiva de vida entre memórias familiares de várias gerações.
Em conversa com a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, a realizadora de “Daniel e Daniela classificou como “maravilhosa” a experiência em trazer o documentário à Guiné-Bissau.
“Permitiu-me conhecer o país através dos olhos de Daniel Nunes, que aqui viveu nos anos 80 e 90, e, simultaneamente, a família materna da Daniela. Por mais que se viaje e estude um país, nada é comparável a conhecê-lo através das suas gentes. Fiquei a gostar ainda mais do povo guineense. Aliás, a minha agenda telefónica está cada vez mais cheia de amigos guineenses”, referiu Sofia.
Num documentário cheio de emoções, a realizadora conta terem sido várias as cenas que filmadas na Guiné-Bissau que não puderam entrar, “por falta de espaço” e indica pelo menos duas. “Uma da Daniela com a mãe, numa missa católica cheia de alegria e cânticos, e outra sobre religião, em que Daniela conversa com um tio que é muçulmano”.
Sobre a Guiné-Bissau, país que diz já ter visitado algumas vezes, a jornalista e mentora do documentário pede mais comprometimento aos jovens. “Gostaria que a nova geração de guineenses conseguisse puxar pelo país, como ele merece. Está é a quarta vez que cá venho a trabalho e, da próxima, gostava de vir em gozo de férias”, afirmou.
De recordar que a grande estreia do documentário teve lugar em Lisboa, a 14 de Agosto de 2022, na cinemateca de Lisboa, tendo contado com a presença de todos os protagonistas. De seguida viajou pelas grandes cidades portuguesas, lugares em que esgotou várias salas de cinema.
Em Novembro de 2021, o documentário “Daniel e Daniela” abriu o FestFilme em São Tomé e Príncipe, esteve na televisão de Cabo Verde.